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Ambientalistas fundam nova ONG para proteção da Mata Atlântica no NE

Representantes da Birdlife/Save Brasil, Centro de Estudos e Pesquisas Ambientais do Nordeste, Conservação Internacional, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, The Nature Conservancy, Sociedade Nordestina de Ecologia e WWF Brasil reuniram-se, em Maceió-AL, para fundar nova Organização Não Governamental (ONG) para a proteção da Mata Atlântica no Nordeste.

As oito organizações ambientalistas que desde 2004 estão unidas no Pacto Murici batizaram a entidade de Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane). “Os mapeamentos mais recentes indicam que já há uma perda de 92,39% da cobertura original de Mata Atlântica no Nordeste”, indica Maria das Dores de V. C. Melo, diretora executiva da nova ONG.

A nova ONG surge como executora dos projetos do Pacto Murici, tendo representantes das oito entidades em seu conselho deliberativo. Os objetivos principais são planejar e implementar, de forma integrada, ações para a conservação da Mata Atlântica do Nordeste. É uma aliança inédita de grandes organizações ambientalistas brasileiras, que visa criar novos padrões de atuação na região, atraindo parceiros dos setores público e privado.

A Mata Atlântica do Nordeste

A Mata Atlântica brasileira é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, por isso é uma área prioritária para a conservação. Estima-se que ela abrigue mais de 8.500 espécies endêmicas, ou seja, que só existem nela. Parte desse endemismo está restrito a um bloco bem delimitado de florestas, abrangendo duas ecorregiões da Mata Atlântica: Ecorregião das Florestas Costeiras de Pernambuco e Ecorregião das Florestas do Interior de Pernambuco. Essas áreas se sobrepõem a quatro Estados: Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Os cerca de 5.600.000 hectares remanescentes são constituídos por pequenos fragmentos imersos em uma paisagem dominada principalmente pela cana-de-açúcar. Como conseqüência da interrupção do processo de dispersão de sementes, estima-se que 1/3 das árvores ali existentes estão regionalmente ameaçadas de extinção. “Estimamos que a Mata Atlântica do Nordeste vai perder um grande número de espécies de árvores e de outros grupos biológicos nos próximos anos”, afirma Marcelo Tabarelli, diretor do CEPAN e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

A quantidade de unidades de conservação da Mata Atlântica do Nordeste é insuficiente quando comparada aos desafios de sua conservação. E as poucas unidades existentes são pequenas ou não estão implantadas. Um exemplo é a Estação Ecológica de Murici, em Alagoas, considerada uma das mais importantes florestas do mundo e uma das regiões prioritárias para a conservação de aves no hemisfério ocidental.

Localizada a 50 km de Maceió, a Estação Ecológica de Murici foi criada em maio de 2001 com uma área de 6 mil hectares. Não possui um plano de manejo, as ações compensatórias para as desapropriações não foram iniciadas, também não tem sua área delimitada e o Ibama possui apenas três funcionários para fiscalizar a unidade.

A Estação abriga pelo menos 14 espécies de aves ameaçadas de extinção, o maior número entre os remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste. Além disso, pesquisas desenvolvidas a partir de 1980 levaram à descoberta de quatro novas espécies de aves: o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), o zidedê-do-nordeste (Terenura sicki), a choquinha-de-Alagoas (Myrmotherula snowi) e o cara-pintada (Phylloscartes ceciliae). A situação de todas as aves endêmicas (não-encontradas em outros locais) é bastante preocupante por causa do contínuo processo de desmatamento na região.