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Alta do petróleo prejudicou Bolsa, mas dólar seguiu em queda

Os mercados financeiros locais trabalharam a última sexta-feira com tendências opostas e sob influências distintas. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) refletiu mais uma vez a forte alta do petróleo e a pressão de baixa face ao vencimento de opções de hoje, recuando 0,78% no fechamento do pregão, aos 21.401 pontos e giro financeiro de R$ 1,028 bilhão. O dólar comercial à vista encerrou os negócios com desvalorização de 0,46%, sendo a moeda comprada a R$ 3,0190 e vendida a R$ 3,0210.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F) as taxas de juros terminaram a semana praticamente estáveis no pregão de sexta-feira. O contrato com vencimento em janeiro de 2005, de maior liquidez, registrou ligeiro avanço de 0,01 ponto, para 16,71% ao ano.

A Bovespa registrou movimento isolado de queda perante os demais ativos locais, contaminada principalmente pelo pessimismo em relação à nova alta do petróleo. A commodity ultrapassou a barreira dos US$ 46 em Nova York e fechou a US$ 46,58.

Analistas econômicos consideram que o mercado acionário refletiu com mais preocupação a esse fator, temendo não só a incapacidade de abastecimento, mas também um risco de piora no desempenho econômico mundial.

Luis Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios, afirma que já há no mercado perspectivas ainda piores que colocam o patamar de US$ 50 como nova linha para o preço do barril de petróleo. ” O sentimento na Bovespa foi de temor ” , diz.

Paralelo a essa influência negativa, o Ibovespa continuou sofrendo pressões de venda dos papéis da Telemar, companhia de maior peso na carteira teórica do índice. Com o vencimento de opções de hoje, a briga entre comprados e vendidos ficou ainda mais acirrada, prevalecendo a força da ponta vendedora. Os papéis preferenciais encerraram com queda de 1,32%, negociados a R$ 37,29 na venda.

Lopes destaca como preocupante o fato de a bolsa paulista não ter reagido nem aos rumores que circularam na tarde de sexta-feira, sobre a possibilidade de o país ganhar uma melhora de rating por parte de alguma agência de classificação de risco. Ele acredita que esse rumor pode ter sustentado a queda no câmbio e a melhora dos títulos da dívida e do risco-país.

O mercado cambial demonstrou tendência de queda durante todo o dia. De acordo com alguns profissionais do segmento, a valorização dos títulos da dívida brasileira contribuiu para o desempenho.

José Ranieri, operador de juros futuros da corretora Liquidez, explica que os números de PPI e déficit comercial divulgados nos Estados Unidos fizeram com que a remuneração dos Treasuries americanos declinasse.

” Conseqüentemente, os investidores procuraram papéis com prêmios maiores, como os brasileiros, e isso refletiu diretamente no desempenho do real no câmbio local ” , diz.

Segundo alguns analistas o comportamento de queda no câmbio e a melhora dos papéis da dívida brasileira contribuíram também para o recuo das taxas de juros negociadas na BM & F, que haviam aberto em alta pelo recrudescimento dos preços do petróleo, mas encerraram com taxas praticamente estáveis em relação ao fechamento anterior.