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Alta do petróleo assusta o governo e ameaça crescimento

A alta do preço do petróleo é vista pelo Ministério da Fazenda como a maior ameaça ao processo de crescimento econômico e ao controle da inflação. A questão é ainda mais preocupante porque se trata de uma variável sobre a qual o governo brasileiro não tem controle algum.

O ministro Guido Mantega já disse publicamente que o mundo passa pelo terceiro choque do petróleo. As análises técnicas dão conta de que choques de aumento de preços da commodity têm natureza recessiva. “Os dois choques anteriores (nos anos 70) levaram à desaceleração da economia mundial”, disse à reportagem um integrante da equipe econômica.

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Um dos sinais nessa direção é o aumento dos combustíveis na China, que, segundo a fonte, deve desacelerar o ritmo de crescimento do gigante asiático, que hoje é a locomotiva da economia mundial e um dos principais destinos das exportações brasileiras.

A alta do petróleo também pode causar efeitos diretos no país, via aumento dos preços dos combustíveis. Como se trata de um produto cujo consumo pouco se altera, a conseqüência deverá ser a redução da renda disponível da população e, conseqüentemente, a redução do consumo em outras áreas.

Embora a fonte evite fazer projeções sobre eventuais altas na gasolina e antecipar decisões do governo, admite que, depois da redução da Cide (o imposto dos combustíveis) em maio, o espaço para mais desoneração tributária para compensar eventual elevação dos preços pela Petrobras diminuiu sensivelmente. O último reajuste ocorreu com o preço do petróleo na casa dos US$ 117. Na sexta-feira, a commodity superou a marca dos US$ 140 por barril.

Além do efeito sobre os combustíveis, o petróleo é insumo básico de uma série de produtos na cadeia econômica, como plásticos, e tem impacto direto em produtos cujo frete é item decisivo para a definição do preço final, como mercadorias importadas.

O comportamento do petróleo e também dos preços dos alimentos, na visão da Fazenda, aumentaram os riscos de o crescimento econômico se desacelerar de forma mais intensa em 2009. A meta do governo é de uma expansão de 5% ao ano. Mas, se a situação dos preços do petróleo e dos alimentos se exacerbar, sustentando índices elevados de inflação e desacelerando a atividade global, será difícil alcançar o objetivo.

Para garantir o ritmo de atividade econômica e, ao mesmo tempo, concentrar esforços para conter a escalada inflacionária, a grande aposta do governo é a política agrícola, que será lançada provavelmente nesta semana.