Mercado

Alta do etanol chega às bombas

O aumento no preço do etanol adotado pelas usinas de álcool nas duas primeiras semanas de julho, de até 8%, chegou aos consumidores. Levantamento de Zero Hora mostra que o combustível variava ontem de R$ 1,649 a R$ 1,899 nos postos da Capital gaúcha – na semana passada, o litro do produto podia ser encontrado a R$ 1,53, conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Donos de postos começaram a repassar os aumentos que receberam. Houve posto em Porto Alegre em que o álcool foi comprado com rea­juste de R$ 0,07 em relação à sexta-feira passada – alta de 5%. Na Região Metropolitana ocorreu igual movimento. Em Gravataí, há registro de estabelecimento que adquiriu o litro a preço R$ 0,15 mais caro, e em Novo Hamburgo, em R$ 0,12 mais alto.

As distribuidoras responsabilizam os produtores pelo aumento. O gerente comercial da Megapetro, Renato Veiga, calcula que durante a semana os postos estabilizarão o preço médio do litro do álcool em cerca de R$ 1,68:

– O etanol, infelizmente, não tem um comportamento padrão no mercado. Podemos estar em plena safra, como agora, e com os preços em alta.

A pressão sobre os preços do etanol vinha sendo detectada desde o final de junho pelo Centro de Estudos Avançados em Economia (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). Segundo a pesquisadora Mirian Bacchi, trata-se de uma recuperação dos preços depois do início da safra, quando os usineiros vendem o etanol mais barato para capitalizar a produção:

– No ano passado, registramos o menor preço médio do etanol em toda a década. Para o consumidor é bom, mas acaba gerando problemas financeiros às usinas. Os últimos três anos foram de preços muito baixos.

O diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, disse ontem que a produção teve crescimento de 4,9% no final de junho em relação ao início do mês. Mas Padua advertiu que há pressão de demanda, especialmente em razão do aumento da frota de carros bicombustíveis no país.

– O volume de etanol destinado ao mercado interno em junho passado cresceu 1% em relação a maio – informou o dirigente.