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Alta do açúcar leva usina a adiar fixação de preços

Atentos à forte valorização das cotações internacionais do açúcar, as usinas de açúcar e álcool do Centro-Sul do Brasil puxaram o freio de mão nas operações de fixação de preços do produto destinado ao mercado externo. Até o final de janeiro, as usinas tinham fixado de 30% a 35% dos volumes que deverão ser embarcados na safra 2006/07, ante 45% a 50% dos volumes fixados no mesmo período de 2005, segundo levantamento feito por analistas ouvidos pelo Valor.

As exportações brasileiras de açúcar devem alcançar cerca de 20 milhões de toneladas neste ano, segundo os mesmos analistas. Se confirmadas as expectativas, será um crescimento de 10% sobre 2005, com volumes embarcados de 18,15 milhões de toneladas e receita de US$ 3,9 bilhões, segundo dados da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).

“A expectativa para a safra 2006/07 é de preços mais firmes, o que desestimula o movimento de fixação de preços”, observou Patrick Funaro, diretor da Fimat Futures no Brasil. No mesmo período do ano passado, as usinas estavam mais pessimistas em relação ao comportamento dos preços do açúcar. Ontem, os contratos de maio fecharam a 18,20 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, alta de 1,3%. No ano, as cotações acumulam alta de 23,4%. Em 24 meses, aumento de 202,3%.

Em janeiro, os preços do açúcar atingiram a maior cotação dos últimos 25 anos, em razão da oferta justa do produto no mercado internacional e maior disposição das usinas brasileiras em destinar boa parte da produção da cana para o álcool.

O movimento de fixação de preços para a safra futura de açúcar no Brasil começa tradicionalmente oito meses antes do início da colheita. No caso do Centro-Sul, a partir do mês de setembro, intensificando-se entre os meses de outubro e novembro.

A Crystalsev, empresa que negocia a safra de nove usinas do Centro-Sul, decidiu comprometer poucos volumes de açúcar para exportação por conta da valorização da commodity na bolsa de Nova York. “Temos comprometidos [fixados] cerca de 25% dos volumes para exportação [até o final de janeiro], ante 50% do mesmo período da safra passada”, disse João Carlos Figueiredo Ferraz, presidente da companhia. “Os preços estão favoráveis.”

Na Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos, a fixação dos volumes para exportação foi de apenas de 5% do total estimado para embarque, afirmou Ricardo Dalto, analista de comércio exterior da usina.

Com a proximidade da colheita no Centro-Sul, antecipada de maio para março em algumas regiões do país, os analistas crêem que poderá haver um movimento de realização de lucro por parte dos fundos. “Esse movimento poderá estimular a maior fixação de preços”, disse Alexandre Mourani, da Ágora Senior. (MS)