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Alta de preços do açúcar já supera 8% em abril em NY

Supervisor inspecting huge sacks of sugar in a warehouse.
Supervisor inspecting huge sacks of sugar in a warehouse.

Os preços do açúcar ampliaram ontem sua curva de recuperação na bolsa de Nova York em abril. Impulsionados por uma nova rodada de queda do dólar, os contratos com vencimento em julho (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam com forte elevação de 3,49%, a 13,03 centavos de dólar por libra-peso. Com mais essa alta, a commodity passou a acumular ganhos de 8,04% no acumulado do mês, de acordo com cálculos do Valor Data.

O enfraquecimento da moeda americana desestimula a venda de açúcar pelos produtores do Brasil (maior fornecedor global), na medida em que diminui a rentabilidade das exportações. Com menos oferta no mercado, os preços tendem a subir. Esse movimento cambial favorece também outras commodities: o algodão, por exemplo, subiu 4% ontem em Nova York, a maior valorização diária desde agosto de 2012.

Em março, os fundamentos baixistas e a disparada do dólar fizeram o açúcar despencar em Nova York: as cotações caíram 12,4% naquele mês. O mau humor “contaminou” os fundos, que elevaram apostas na baixa da commodity. Segundo a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), os gestores de recursos (“managed money”) encerraram a semana até 24 de março com saldo líquido vendido – que indica a crença na queda da commodity – de 116.984 contratos (entre futuros e opções), o pico pessimista do ano.

Mas, ainda que a moagem da safra 2015/16 de cana tenha começado antecipadamente no Centro-Sul Brasil (o que ajuda a inflar a oferta mais imediata da commodity), iniciou-se também um movimento de correção nos preços do açúcar. Os fundos reagiram a essa mudança de direção e reduziram as apostas baixistas: na semana terminada em 14 de abril, a posição líquida vendida totalizou 82.968 contratos, 29% aquém do pico do fim de março.

O arrefecimento da moeda americana impõe ritmo menos acelerado às negociações e abre brechas para repiques de preços. Entretanto, nem isso nem a maior confiança dos investidores parece suficiente para garantir uma alta mais sustentada, uma vez que o cenário ainda é baixista do lado dos fundamentos. O reflexo dessa pressão aparece na queda de 12,7% que a commodity ainda registra no acumulado de 2015.

O clima está favorável aos canaviais de Brasil e Índia (segundo maior produtor global), o que engrossa as expectativas de oferta global abundante. Nesta safra internacional 2014/15, a expectativa da Organização Internacional do Açúcar (ISO) é de superávit de 600 mil toneladas. Para a nova temporada, que começará em outubro, as perspectivas são de pequeno déficit ou estabilidade, mas os estoques estão bastante elevados.

No Brasil, a moagem de cana do ciclo 2015/16 já começou. Até 1º de abril (data oficial do início do ciclo no país), o Centro-Sul do país já havia processado 5,42 milhões de toneladas de cana, 44,2% mais que no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Além da produção que volta a irrigar o mercado, a desvalorização do petróleo desde meados do ano passado diminui a competitividade do etanol e pesa sobre os preços do açúcar, que tende a ser mais ofertado. Mas o recente aumento da mistura de etanol no Brasil, de 25% para 27%, pode ajudar a equilibrar o mercado.

Fonte: (Valor Online)