O comportamento dos preços do açúcar e álcool nos quatro primeiros meses da safra 2004/05 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do país, ao contrário das previsões baixistas feitas no início do ano, não está decepcionando as usinas sucroalcooleiras e dá mostras de que o faturamento conjunto dessas empresas deverá superar os R$ 21,5 bilhões (com impostos) alcançados em 2003/04.
A boa fluidez das exportações, tanto de açúcar quanto de álcool, e os preços firmes dos dois produtos no mercado interno neste início de safra são sinais de que o setor deverá melhorar seus resultados, conforme especialistas.
Levantamento realizado pelo Valor Data mostra que as cotações do açúcar (contratos de segunda posição de entrega) estão mais firmes na bolsa de Nova York. A média do mês até ontem ficou em 8,47 centavos de dólar por libra-peso, 26% acima da média do mês de agosto de 2003.
Situação parecida acontece no mercado doméstico. O indicador de preços Cepea/Esalq fechou ontem a R$ 30,25 por saca de 50 quilos de açúcar, 3% mais que nesta mesma época no ano passado. O litro do hidratado, que chegou a R$ 0,65 (sem impostos), supera em 10% as cotações médias de agosto de 2003 . O litro do anidro, cotado a R$ 0,75, acumula elevação de 7% sobre agosto do ano passado, sempre de acordo com o indicador Cepea/Esalq.
“Os preços do açúcar voltaram a subir desde o início desta safra em Nova York, por conta da previsão de déficit na produção mundial”, disse Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento. As exportações de açúcar respondem por 60% da receita das usinas. “Havia uma expectativa de que esta safra seria muito maior, mas as chuvas prejudicaram a qualidade da cana”. Segundo Borges, a safra será recorde, mas a produtividade da cana-de-açúcar está baixa.
No mesmo período de 2003, a média dos preços internacionais do açúcar estavam em 6,5 centavos. “A estratégia das usinas também foi outra naquela época, com retenção de estoques e poucas exportações na expectativa de que as cotações subissem”, disse Borges.
Há 15 dias, o mercado doméstico de açúcar está mais remunerador que as exportações. “Mas não há liquidez no mercado interno porque falta comprador”, observou Carlos Dornellas Filho, diretor da corretora Nova Fase. De acordo com ele, as exportações de açúcar estão fluindo bem. A falta de contêineres e os altos preços dos fretes, porém, podem limitar os negócios.
Em uma de suas melhores fases, depois do auge do Proálcool, na década de 80, o consumo do álcool combustível voltou a crescer nos últimos meses com a expansão dos carros bicombustível e a retomada das vendas de carros a álcool. As exportações do produto também estão dando suporte aos preços, afirma Ivan Bueno, da Nova Fase.