Mercado

Alimento e combustível fazem pressão e IPCA-15 sobe 0,19%

Expectativa do mercado é de um índice cheio em torno de 4%, abaixo da meta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou variação positiva de 0,19% em agosto, após a deflação de 0,02% apurada em julho. O indicador acumula no ano alta de 1,89% e de 3,82% em 12 meses. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta do IPCA-15 de julho para agosto foi puxada pelo grupo alimentação e bebidas, que passou de uma deflação de 0,02% para alta de 0,18% em agosto. Os combustíveis apresentaram o mesmo comportamento e passaram de uma variação negativa de 1,06% para um aumento de 0,57%, contribuindo para a alta de 0,23% do grupo transportes.

O resultado do IPCA-15 deste mês ficou ligeiramente abaixo da estimativa de 0,22% da LCA Consultores e em linha com a projeção de 0,19% da Mellon Global Investment. “O resultado do IPCA-15 ficou dentro do esperado, após o fim do período de forte deflação propiciado pelo comportamento dos preços de alimentos e combustíveis”, diz a economista-chefe da Mellon, Solange Srour.

De acordo com a LCA, a aceleração do indicador em agosto decorreu sobretudo da pressão imposta pela alta nos preços dos serviços – associada ao impacto, defasado, do relevante aumento do salário mínimo, principalmente sobre o serviço prestado pelo empregado doméstico. O pagamento dos salários dos empregados domésticos registrou alta de 2,26%, que refletiu parte do reajuste do salário-mínimo ocorrida em abril.

Entre os índices regionais, destaca-se Brasília, que registrou a maior alta, com inflação de 0,91% em agosto. A menor taxa foi apurada na região metropolitana de Recife, com deflação de 0,09%.

Expectativas

Os resultados parciais da inflação de agosto divulgados – incluindo a segundo prévia do IGP-M e o IPCA-15 de ontem – levaram a LCA a revisar sua projeção do IPCA para 2006, de 4,1% para 4% – pressupondo um aumento de cerca de 6% no preço da gasolina nas refinarias em novembro, o que representaria uma elevação média de cerca de 4% no preço do combustível na bomba.

Solange Srour projeta IPCA de 0,20% em agosto e de 3,73% para 2006, considerando uma alta de 7% a 8% do combustível na bomba em novembro. “Talvez este aumento não seja necessário, porque a defasagem entre o preço doméstico e o internacional se anulou nos últimos 15 dias. Sem aumentos do combustível em novembro o IPCA pode ser ainda menor

em 2006″, avalia a economista.Entretanto, a consultoria ressalta que a aceleração dos preços industriais não deve ser vista como um fator de preocupação. “A intensidade das eleva-ções de preços observadas na indústria continua bastante moderada, insuficiente para colocar em risco o cumprimento das metas de inflação.”

Nova metodologia

A divulgação do IPCA-15 de ontem foi a primeira com a nova estrutura de pesos, que incorpora os resultados dos gastos de consumo da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF) 2002-2003. Com as novas estruturas, itens ganham mais importância no cálculo dos índices, a exemplo do microcomputador e dos serviços de telefonia, inclusive a compra de aparelho telefônico. Já itens como álcool combustível, aluguel residencial e energia elétrica perderam importância nos cálculos.

“Os efeitos da nova metodologia podem ser benéficos para o fim do ano, porque itens que estão em queda ganharam peso, enquanto outros que estão em alta perderam importância. Mas ainda não influenciou significativamente o dado de agosto”, diz Solange Srour.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados de 14 de julho a 14 de agosto e comparados com os vigentes de 13 de junho a 13 de julho, entre famílias com rendimento de um a quarenta salários-mínimos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.