Mercado

Alemanha e Brasil negociam acordos

As articulações em torno do primeiro dia do 23 Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Fortaleza, sinalizam a possibilidade de acordos para promover biodiesel e etanol, que começam a ser testados em frotas dos dois países, sem excluir as áreas de infra-estrutura, envolvendo projetos em eólica, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e portos, além de turismo, investimentos industriais, siderurgia, pneus, tecnologia e serviços. O resultado das reuniões fechadas dos grupos de trabalho deve ser conhecido hoje.

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Rolf-Dieter Acker, que participou do workshop, “Investimentos no Brasil – Engajamento a favor do crescimento sustentável”, diz que o potencial de crescimento interno e mão-de-obra qualificada e tecnicamente avançada são importantes no processo de atração do capital estrangeiro direto.

Acker lembra que o Brasil está entre os 20 países líderes em investimentos diretos estrangeiros, com US$ 20,7 bilhões aplicados – 88% correspondentes ao setor industrial. Entre 2002 e 2007 o aporte de recursos de empresas de capital alemão no País, deve alcançar US$ 7,7 bilhões. Hoje, 1.200 empresas operam no País, gerando cerca 250 mil empregos e faturamento calculado em US$ 39 bilhões.

As exportações das empresas alemãs instaladas no País representam 5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o vice-presidente da Bundervesband der Deutschen Industrie (BDI) Confederação das Indústrias Alemãs, Michael Rogovski, para quem o Brasil foi o país da América Latina que mais recebeu investimentos alemães ano passado – cerca de US$ 800 milhões, superando os US$ 500 milhões de 2003, e continua destino prioritário, com cerca de 45% do aporte de recursos para a América Latina.

O ministro do desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse, durante o discurso de abertura, que o governo brasileiro criou uma nova legislação favorecendo as plataformas de exportação de serviços e mercadorias. Segundo o ministro, a ThyssenKrupp, que projeta investimento em uma siderúrgica no Rio de Janeiro, vai economizar US$ 220 milhões, por força da legislação. Na área de plataformas exportação de serviços o Brasil quer ser o protagonista em tecnologia da informação.

A meta é chegar a 2007 com exportações de US$ 2 bilhões. “Esperamos que uma parte seja para a Alemanha e outra feita por empresas alemãs instaladas no Brasil”, diz Furlan. Ele fez também uma retrospectiva do Mercosul, citando acordos como o Pacto Antino, e estabelecimento de vínculos com outras regiões na Índia, África do Sul e mais recentemente com Egito.

“Há um número de grande de países que estão fazendo negociações inclusive o Canadá.” O Brasil caminha também para a integração física da América do Sul, num esforço para financiar projetos nas áreas como linhas de transporte aéreo, de estradas, ferrovias e energética. “Temos 10 vizinhos, mas nossas comunicações físicas estavam muito deficientes. No momento, estamos envolvidos em cerca de 20 projetos, com países vizinhos no valor aproximado de US$ 4 bilhões”, disse. O último contempla a ligação norte do Brasil com Pacífico, via mil quilômetros de rodovias. “Essa é uma oportunidade para os investidores alemães”, acrescentou ao considerar que a integração física gera quantidade de negócios.

Na questão da utilização do biodiesel, a parceria vai envolver governo no federal e municipal e setor privado, para levar adiante a proposta de uma linha exclusiva movida com o combustível (B5). A idéia deverá ser implementada neste segundo semestre, em 12 veículos da Companhia de Transportes Coletivo (CTC), que opera no sentido bairro-centro de Fortaleza, e vai contemplar ainda toda a cadeia produtiva do setor. “A experiência parte de vários óleos – mamona, palma e soja -, permitindo que Brasil e Alemanha possam acompanhar melhor a diversidade de oleaginosas e conseqüências nos motores”, acrescentou Ingo Plöger, diretor para investimentos Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil).

O projeto será acompanhado pelo Inmetro e por uma agência alemã, que está sendo selecionada. “Indústrias brasileiras de processamento desenvolveram um método industrial chamado flex, que pode ser operado tanto com etanol como no biodiesel.” Plöger confirmou que, ao mesmo tempo, a Alemanha vai testar o etanol em 80 a 120 veículos flex-fuel, nas cidades de Dortmund e Colônia, em três frotas cativas, envolvendo o produto brasileiro e o misturado.

No caso da Alemanha, falta definir ainda as frotas e o abastecimento e a autorização para testes, pois a lei das emissões no país são rígidas. “Por isso é interessante ter o etanol brasileiro e o alemão em testes conjugados para avaliar os impactos nas emissões e nos automóveis.”