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Alemães investem US$ 130 milhões

Grupo Fuhrlander construirá unidade para produção de aerogeradores na Grande Fortaleza. O grupo Fuhrlander, baseado em Waigandshain, Alemanha, definiu um programa de investimentos da ordem de US$ 130 milhões para o Ceará, recursos aplicados em uma unidade de produção de aerogeradores e em 3 parques para geração de energia eólica.

A soma prevê aporte de capital próprio, do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) e da Adene – Agência para Energia. O diretor-presidente da Fuhrlander Energia do Brasil, José George Lima, adianta que do total previsto, US$ 5 milhões correspondem a construção da fábrica na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a cerca de 56 quilômetros de Fortaleza.

As obras da nova indústria, instalada em área global de 14 hectares, com 6 mil m² construídos, iniciam ainda este mês e deverão ser concluídas em dezembro. O governo do estado vai apoiar a implantação do projeto com redução de impostos e serviços de infra-estrutura. Lima diz que a indústria começa a produzir em fevereiro do próximo ano 12 aerogeradores/mês, volume que passará para 16 unidades em maio, em dois turnos de trabalho.

“Vamos transferir para o Brasil a tecnologia de construção de aerogeradores da Fuhrlander, uma das mais conceituadas empresas do setor no mundo”, diz o executivo. A companhia prevê gerar 130 empregos diretos, e outros 500 indiretos, a partir da instalação das usinas . No próximo mês, começa a seleção de 20 técnicos e 4 engenheiros para um treinamento na matriz da empresa, em na Alemanha.

No primeiro ano de operação a meta da Fuhrlander é fabricar 104 aerogeradores, cada máquina com capacidade de 1 Megawatt (MW), sistema que inclui pás de 62 metros de diâmetro e torres de 65 metros de altura, que já tem destino certo – 88 devem ser instalados em Aracati, cidade a 134 quilômetros de Fortaleza e 16 em São Gonçalo do Amarante, a 53 quilômetros da Capital, tarefa desempenhada pela Ventos Energia e Tecnologia, especializada em projetos de parques eólicos, e braço da empresa nesse segmento, também conduzida por George Lima.

“O Ceará é um estado importador de energia, carente de recursos hídricos, hidrelétricas biomassa, mas com grande potencial para geração de energia dos ventos, chances de se tornar auto-suficiente e até exportar”, diz. O empresário observa que do total de 570 MW previstos, entre Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e usinas do Estado, cerca de um terço correspondem a projetos da Ventos, empresa criada há dez anos.

Das três usinas de geração de energia eólica que devem ser construídas pela companhia, duas ficam em Aracati – uma em parceria com o grupo Compescal – com capacidade de geração de 31 MW e outra própria de 57 MW – além do parque na praia da Taíba, de 16 MW. Os contratos já foram assinados pela Eletrobrás.

A Fuhrlander desenvolve ainda dois projetos para o Rio Grande do Norte, com capacidades de 100 MW e de 51 MW, que devem ser implementados, até final de 2007. O prazo fixado pela Eletrobras encerra em julho (de 2007), mas George Lima diz que, em função da crescente demanda, está sendo negociada uma ampliação.

O empresário afirma que a demanda dos estados do Nordeste está garantida nos próximos três anos está garantida. “Até lá, devem esta instalados algo em torno 400 MW na Região”, assinala. A empresa já avalia projeto para implantação de um parque eólico na Paraíba e, de acordo com George Lima, a companhia vai operar, inicialmente, com índice da nacionalização da ordem de 75% – o Proinfa exige das empresas 60% das peças de fabricação nacional – mas a estimativa é chegar a 100% em três anos. A energia produzida nas usinas eólicas será comercializada a Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), operação respaldada por contrato de 20 anos.

George Lima diz que a Fuhrlander está investindo firme de olho na meta do governo federal, que prevê 10% da matriz energética brasileira de fontes alternativas, até 2020.

A Fuhrlander, segunda indústria do gênero a fincar bases do Estado, vai concorrer com outra alemã, a Wobben Windpower – subsidiária da Enercon GmbH, caracterizada como única fabricante de aerogeradores (turbinas eólicas) de grande porte da América do Sul, atualmente – instalada há 3 anos e meio também em Pecém, produzindo pás, e vai começar a fabricar torres de concreto, a partir de agosto. O grupo comanda ainda três parques eólicos no estado – Prainha, Taíba e Mucuripe, garantindo a geração total de 17,4 MW, injetados na rede da Companhia Energética do Ceará (Coelce), informa Ludmilla Campos, gerente da unidade do Ceará. Os planos incluem a produção de novas pás, modelo E48, de 800 kW (o atual sai da fábrica cearense com 600kW). Nesta empreitada investiu US$ 3,5 milhões.

O diretor de Promoção de Investimentos do BNB, Victor Samuel da Ponte, confirma que a instituição tem em carteira para análise sete projetos no setor de eólica, envolvendo investimentos da ordem de US$ 540 milhões, em condições de deslanchar a partir deste ano, em função até dos prazos definidos no Proinfa. A paulista Eólica Brasil já sinalizou investimento de US$ 100 milhões em uma fábrica de torres.