Sem alarde ou mesmo inauguração oficial, o primeiro terminal exclusivo para a exportação de álcool do Brasil, em Santos (SP), entrou em operação. O primeiro navio – com uma carga de álcool hidratado para ser reprocessado no Caribe e enviado aos Estados Unidos – estava previsto para partir ontem (1) do terminal, de acordo com o presidente da trading Crystalsev, João Carlos Figueiredo Ferraz.
A empresa investiu, ao lado dos grupos sucroalcooleiros Cosan e Nova América, e da multinacional Cargill, cerca de US$ 10 milhões na obra do terminal, com capacidade de movimentar 1 bilhão de litros do combustível por ano. Os tanques armazenam, no início da operação, 45 milhões de litros do combustível e o volume pode chegar a 100 milhões de litros no próximo ano, de acordo com as previsões dos investidores. “Foram feitas avaliações sobre uma possível inauguração oficial, mas preferiu-se fazer um evento técnico, com a presença apenas de clientes e autoridades locais”, justificou Ferraz.
O empreendimento integra o complexo de líquidos do Terminal Integrado de Santos, que terá ainda terminais para exportação de óleos por parte da Cargill e de produtos químicos pelo Grupo Ultra. Com as exportações de etanol aquecidas, a previsão do executivo é de que toda a capacidade de operação seja utilizada já nesta safra. Como mais de 1,3 bilhão de litros de etanol estavam contratados pelos três maiores exportadores de álcool do Brasil – os grupos Cosan, Copersucar e a trading Crystalsev – e o novo terminal de Santos tem capacidade de exportar 1 bilhão, o restante já vendido segue por outros terminais mistos como já ocorre.
Além do investimento na cidade paulista, Crystalsev e Cargill começam a operar, também neste mês de setembro, a unidade de reprocessamento de álcool hidratado em El Salvador. A unidade tem a finalidade de transformar o álcool hidratado em anidro para ser enviado aos Estados Unidos e ser utilizado na mistura à gasolina. “O primeiro navio com álcool para essa unidade já está no mar e a idéia é que a operação comece até meados de setembro”, afirmou o presidente da Crystalsev.
O álcool anidro brasileiro enviado diretamente para os Estados Unidos é taxado em 50%. O mesmo combustível “produzido” em países do Caribe é isento de impostos por meio de acordo comerciais. Como os caribenhos direcionam sua produção para o açúcar, a região é utilizada por unidades brasileiras como ponte para o álcool hidratado ser reprocessado. A unidade reprocessadora deve produzir 250 milhões de litros de álcool por ano. Além dos dois investimentos no mercado de álcool, Crystalsev e Cargill, duas das maiores tradings em operação no País, são parceiras no T-33 do Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá (TEAG).