Rio, A estréia da Petrobras na produção de álcool é, ao mesmo tempo, vista como positiva e preocupante por especialistas. A principal vantagem é que a estatal poderá garantir regularidade na oferta do combustível. Não há como descartar a possibilidade de que a futura produção da estatal seja usada como estoque regulador do mercado no período de entressafra, impedindo os tradicionais saltos de preços.
Em um mês, o preço médio do litro do álccol subiu 6,3%, pulando de R$ 1,506 para R$ 1,601.
A Petrobras negocia parcerias com usineiros para produzir etanol. A idéia é que a estatal e os novos sócios invistam R$ 12,1 bilhões na construção de usinas produtoras do combustível nos próximos quatro anos, de acordo com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Até agora, a Petrobras comercializava o produto e funcionava como ponte entre produtores e compradores internacionais de álcool. “Os investimentos nesse setor são bem-vindos, sobretudo porque a presença da Petrobras tende a, pelo menos, dar mais regularidade à oferta do combustível. Hoje, como se sabe, os usineiros alternam a produção entre açúcar e o álcool, dependendo das cotações das commodities no mercado mundial”, disse a economista Goret Pereira Paulo, professora especialista em energia da Fundação Getúlio Vargas.
Uma eventual intervenção da Petrobras, porém, pode ser um elemento de instabilidade do mercado e contingenciar os investimentos privados, afirmou Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), ao admitir que a estatal poderia não acompanhar os movimentos do mercado internacional.