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Álcool tem preço recorde no mercado americano

Os sucessivos saltos do preço do álcool combustível no mercado americano deixa alguns empresários brasileiros do setor sucro-alcooleiro preocupados. O etanol atingiu na quarta feira, em Nova York, o valor recorde de US$ 3,15 por galão (3,78 litros). Esse valor, se convertido em litros e em reais, significa que o produto vale no mercado nova-iorquino 125% acima do que está sendo comercializado na porta das usinas brasileiras.

A cifra mostra ainda que o álcool combustível se valorizou 50,9% naquele mercado, considerando que aquele valor, se convertido para metros cúbicos, atingiu US$ 830. Em meados de janeiro, quando os preços do álcool explodiram no Brasil por causa da entressafra da cana e da alta da demanda doméstica, o combustível estava cotado a US$ 550 o metro cúbico.

O vice-presidente da União das Destilarias do Oeste Paulista (Udop), Fernando Perri, afirma que a súbita alta dos preços do álcool deve servir de alerta. Preços internacionais muito acima do negociado no mercado interno representa um estímulo às exportações, o que poderá comprometer o abastecimento doméstico de combustível. Por enquanto, o consumidor brasileiro tem a seu favor o imposto de importação cobrado pelos Estados Unidos sobre as compras externas do combustível.

A cada galão importado por aquele país, são retidos US$ 0,54 em taxas. Por enquanto, essa barreira alfandegária torna as exportações de etanol para os Estados Unidos proibitivas. Para contornar esse obstáculo, muitas das vendas são feitas por meio dos países do Caribe, cujas vendas são poupadas dos impostos de importação. El Salvador, Jamaica e Costa Rica foram destinos de pouco mais de 33% do total das exportações brasileiras de álcool no ano passado, com um total de 384,6 milhões de litros. As exportações diretas para os EUA, entretanto, somaram 260,6 milhões de litros. O total dos embarques do combustível, em 2005, somou 2,598 bilhões de litros.

As barreiras alfandegárias para a compra de álcool combustível já são motivo de polêmica nos EUA. A demanda crescente pelo produto, especialmente agora que muitos estados estão providenciando a substituição do MTBE (Éter Metil Terbutílico) pelo etanol como aditivo da gasolina. MTBE é considerado poluente e nocivo à saúde humana. Há cerca de um mês, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, foi advertido por seu irmão, o governador da Flórida, Jeb Bush, sobre a necessidade de o país importar álcool do Brasil. Para o vice-presidente da Udop, isso já não representa uma oportunidade, mas um risco para o mercado interno.