O morador de Rbeirão Preto foi novamente surpreendido pela alta, ontem, do preço do álcool na maioria dos postos de combustíveis: o litro passou a custar R$ 1,499, o maior valor do ano na cidade. O aumento é de 7,1%.
A má notícia é que o impacto no bolso do consumidor pode ser ainda maior nos próximos meses. “Estamos em plena safra da cana e está esse preço. No fim do ano, quando parar de moer, deve ficar mais caro”, disse Oswaldo Manaia, presidente regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo).
O preço cobrado pelo litro nas usinas já é o mais alto das últimas 125 semanas, segundo levantamento feito pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP: R$ 0,85, sem impostos. Esse valor só é menor do que o de 4 de maio de 2007.
O vice presidente da Brascombustíveis, Renê Abbad, tam! bém acredita em alta. “Deve chegar até o patamar de R$ 1,59 em outubro para o consumidor, porque já está a R$ 1,20 nas distribuidoras”, afirmou.
Sérgio Prado, diretor regional da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), disse que o aumento se deve ao excesso de chuvas atípico dos últimos três meses.”A moagem da cana é prejudicada porque é preciso parar devido ao clima. Assim, afeta a produção”.
Além das chuvas, Prado disse acreditar que a demanda está mais aquecida neste ano devido ao mercado do carro flex e à recuperação da economia.
Manaia aponta outro motivo para o reajuste: as usinas estão produzindo mais açúcar e menos álcool neste ano.
Hoje, 46,83% da cana processada nas usinas vira açúcar, ante os 43,05% do ano passado. Já o álcool passou de 56,95% para 53,17%. Prado afirma que essa menor oferta em porcentagem do etanol não vai provocar falta do combustível.
“Grande parte do etanol feito aqui vai ficar para abastecer o consumidor interno, porque a exportação teve queda.”
O secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado, João Sampaio, também acredita em novo aumento do álcool. “A safra vai ser menor do que esperávamos e, como a oferta será menor e a demanda continua aquecida, deve haver impacto no preço”, disse.
Apesar da alta, o álcool ainda é vantajoso em relação a gasolina. O novo preço representa 60% do valor do litro da gasolina (R$ 2,49) –até 70% o etanol é a opção mais econômica.