Embora a Petrobras tenha afastando expectativas de novos reajustes dos combustíveis ao afirmar que seus preços estão alinhados aos do mercado internacional, o consumidor terá de preparar o bolso. É que os produtores de álcool, produto misturado na proporção de 25% à gasolina, já informaram às distribuidoras que reajustarão suas tabelas em 15%.
Com esse aumento no atacado, a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes) estima um reajuste de R$ 0,03 a R$ 0,04 por litro de gasolina.
De acordo com a entidade, o preço médio da gasolina no país depois do aumento da Petrobras está na casa de R$ 2,40 o litro. A ANP (Agência Nacional do Petróleo), que apura semanalmente os preços em todas as regiões do país, ainda não divulgou nenhuma pesquisa após o reajuste da Petrobras até a conclusão desta edição, dizendo que houve problemas técnicos.
O presidente da Fecombustíveis, Luiz Gil Siuffo, afirmou que nos últimos meses o álcool sofreu vários reajustes no atacado. Mas as altas, diz, não foram repassadas aos preços da gasolina nas bombas. Isso aconteceu porque as distribuidoras compraram grandes cargas e obtiveram descontos, além do fato de as companhias e os postos terem comprimido suas margens, segundo Siuffo.
“Mas agora não vai dar para segurar. É um aumento muito forte das usinas de álcool”, disse.
No caso do álcool combustível, Siuffo disse que não foi possível segurar os preços. O produto já teve alta de 6% nas bombas nos últimos dois meses, de acordo com ele. A Fecombustíveis prevê agora um aumento de cerca de R$ 0,06 a R$ 0,07 -ou cerca de 5,5%- no preço do álcool, caso o reajuste de 15% no atacado seja aplicado.
Representantes das distribuidoras de combustíveis dizem que estão negociando com os usineiros para evitar um aumento da magnitude proposta pelos usineiros. Eles esperam conseguir chegar a um percentual menor do que os 15% propostos.
Aumentos contidos
De acordo com Siuffo, os aumentos tanto da gasolina como do álcool não serão imediatos nem lineares. “Varia muito de acordo com os estoques das distribuidoras. A BR, por exemplo, trabalha com estoques de 30 dias e pode conter o aumento por algum tempo”, afirmou.
Em entrevistas recentes, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, tem afirmado que, com o último reajuste dos combustíveis na refinaria, os preços da estatal ficaram alinhados ao novo patamar de preço do petróleo -na casa de US$ 60 o barril. Com as declarações, Gabrielli afastou as expectativas de novos aumentos. A Petrobras anunciou no dia 9 deste mês um reajuste de 10% para a gasolina e 12% para o diesel em suas refinarias. Para o consumidor, as estimativas dos revendedores apontavam para altas entre 7,5% e 9% para a gasolina e de 10% no caso do diesel.