Em 2008, o país assistiu ao consumo de álcool ultrapassar o da gasolina pela primeira vez desde o fim dos anos 80, quando o Pró-Álcool estava no auge. Em 2009, veio a consolidação. Mesmo com o preço do produto subindo nos últimos meses, o combustível segue na preferência dos motoristas de carros flex. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o álcool já responde por 55% das vendas destinadas aos veículos leves.
Sindicom diz que o álcool já responde por 55% das vendas destinadas aos veículos leves. Participação chegará a 75% em 2020 Foto: Monique Renne/Esp. CB/D.A Press – 19/8/05No acumulado do ano, as vendas do produto devem fechar em alta de quase 25%. Simplesmente o maior crescimento entre os vários combustíveis automotivos e o grande responsável! pelo novo recorde de consumo de combustíveis do país: pouco mais de 98 bilhões de litros (2% mais na comparação com 2008). Na outra ponta, a produção de gasolina teve redução de 3% até outubro, para 16,4 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional do Petróleo.
O consumo do etanol – melhor ir se acostumando, pois a partir de setembro é assim que ele será chamado – só vai aumentar com o passar dos anos. Pelos cálculos da Petrobras, em 2020, a gasolina representará apenas 17% do consumo nacional de combustíveis. O álcool hidratado (o que colocamos direto no tanque) deve chegar a uma participação de 75%. Pernambuco, claro, segue a tendência. O secretário executivo da Receita Estadual, Roberto Arraes, confirma a migração.
“Em outubro de 2008 foram consumidos no estado 53,7 milhões de litros de gasolina. Em outubro deste ano foram apenas 30 milhões. O consumo do álcool cresceu na mesma proporção”, destaca o secretário. O levantamento da ANP por estado (com números até s! etembro) aponta o consumo oficial de 266,2 milhões de litros no acumulado de 2009 em Pernambuco. É quase o mesmo total registrado em 2009.
Extraoficialmente, o mercado do álcool é ainda maior, por conta da sonegação. O Sindicom estima que o país deixa de arrecadar cerca de R$ 1 bilhão por ano com a venda de etanol nas bombas dos postos, sendo R$ 400 milhões relativos ao Pis/Cofins e R$ 600 milhões do ICMS, queé estadual. “É um segmento que nunca vai estar tranquilo. Temos que fazer ações constantes, especialmente no período de safra, quando circula mais álcool”, diz Roberto Arraes.
Preço – Nos postos do Grande Recife, o litro do álcool é vendido por R$ 1,69, em média. O preço já foi menor, mas ainda está em vantagem na comparação com a gasolina. Para isso tem que custar até 70% do valor da concorrente. Isso acontece porque um veículo abastecido com álcool roda cerca de 30% menos do que se estivesse com o mesmo volume de gasolina. A conta para descobrir qual é o combustí! vel mais vantajoso no momento pode ser feita da seguinte forma: dividindo o preço do álcool pelo gasolina. Abaixo de 0.7 a vantagem é do álcool. Acima, da gasolina.
“As chuvas no fim da safra em São Paulo acarretaram aumento de preços. Aqui também aumentou porque o Centro-Sul responde por 88% de todo o abastecimento do país e influi na precificação. Pelos próximos dois meses, o etanol pode em alguns momentos perder a competitividade”, diz Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE).