A nacionalização das jazidas de hidrocarbonetos da Bolívia não é um episódio isolado. Em todo o mundo, há uma onda nacionalista e um reposicionamento estratégico e geopolítico com base no controle dos recursos energéticos. Os preços internacionais do petróleo não param de subir, o que é agravado pelo consumo cada vez maior de países como a China e a Índia. Há ainda o fato de que as jazidas de petróleo no mundo deverão estar esgotadas em cerca de 30 anos. Em 2005, a Rússia reestatizou a empresa Gazprom, no que foi seguida pela Nigéria e pelo Cazaquistão. A Alemanha e a Rússia estão construindo um gasoduto entre os dois países pelo Mar Báltico, excluindo a Europa Central, o que tem motivado protestos. A Inglaterra aumentou em 10% os impostos sobre o petróleo extraído do Mar do Norte. Recentemente, o governo de Honduras anunciou que vai renegociar contratos com as multinacionais petroleiras do país.
Nos Estados Unidos, o tema é tratado como de segurança nacional. O país, maior exportador mundial de milho, vai dedicar metade de suas safras à produção de álcool combustível. Segundo o Financial Times, os EUA terão que produzir 68 milhões de toneladas de milho a mais do que as produções somadas de Brasil, Canadá ou Indonésia, a fim de cumprir a lei que exige uma produção de etanol de 7,5 bilhões de galões até 2012. Nossa experiência já chama a atenção no mundo. . O 23º Congresso Mundial de Gás Natural, que vai acontecer em Amsterdã, agora em junho, terá a tecnologia brasileira como um dos principais temas.
Atualmente, produzimos quase 17 bilhões de litros de álcool, o dobro da produção da época áurea do Proálcool, nos anos 70/80. Temos uma área plantada de cana-de-açúcar de 6 milhões de hectares e a mais avançada tecnologia mundial no setor alcooleiro. É, portanto, decisivo para o futuro do Brasil tratar a questão do álcool combustível como estratégica.