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Álcool: preço ao consumidor não segue o da usina

O início da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País reduziu em 12%, em abril, o preço do álcool hidratado nas maiores usinas do País, mas, para especialistas, a queda ainda demora um pouco para chegar ao consumidor e não será nessa proporção.

Dados divulgados pelo Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), na última na sexta-feira, mostram que na semana de 24 a 28 de abril, pela primeira vez neste ano, o preço do álcool hidratado ficou abaixo de R$ 1. O litro, de R$ 1,04284 caiu para R$ 0,90585, livre de impostos, uma redução de 13%.

Já o preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina, também teve queda, passando de R$ 1,18432 para R$ 1,04117 o litro.

Segundo a pesquisadora Miriam Bacchi, do Cepea, a queda de 12% não chegará ao consumidor porque “outros custos do processo não variam como o preço da matéria-prima”. Ela cita, como exemplo, os custos de mão-de-obra e energia.

E a redução só chegará aos consumidores quando as distribuidoras não tiverem mais os estoques formados com preços mais altos, que não foram consumidos por causa da redução no consumo – quando os preços subiram, os donos de carros bicombustíveis passaram a optar pela gasolina.

Para a pesquisadora, a queda de preços é bem-vinda, mas deve haver controle. “Preços mais baixos aumentam o consumo e podem causar problemas semelhantes ao que tivemos no ano passado, quando os preços caíram muito na safra – abaixo de R$ 0,50 – e subiram demais na entressafra.”

Estabilidade – Em relação aos usineiros, é possível haver uma estabilidade de preços, por causa da pressão da crise do petróleo, do aumento das exportações com a futura abertura dos Estados Unidos e do alto preço do açúcar no mercado internacional.

“Acredito que o álcool ainda vai ter uma redução maior de preços, mas não será como foi nos anos anteriores. Essa pressão fará com que os preços não recuem tanto”, diz Fernando Perri, da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), para quem o preço do álcool deverá ficar na média de R$ 1,25 nas bombas em 2006.

A situação, porém, não está tão confortável para as usinas, segundo ele. O perfil da safra, tida como mais alcooleira do que açucareira, deve se inverter por causa dos altos preços atingidos pelo açúcar no mercado internacional. Isso pode causar desabastecimento de álcool no mercado interno.