Mercado

Álcool pode deixar de valer a pena a partir de fevereiro

Abastecer com álcool poderá mais uma vez deixar de ser bom negócio a partir de fevereiro ou março deste ano, quando o preço do combustível poderá romper o limite competitivo de 70% do da gasolina. Segundo estimativas de especialistas desse mercado, as cotações do produto podem subir gradativamente até fevereiro ou março deste ano até que a oferta se estabilize com a chegada da safra nova no País. O mesmo ocorreu no ano passado, quando o produto chegou a registrar alta de 65%.

Nas duas últimas semanas, que correspondem às duas primeiras semanas da entressafra, os preços do álcool hidratado subiram 10% nas usinas. A avaliação de especialistas é que a frota de quase 2,5 milhões de carros com motor flex – mais que o dobro de 2005 – e a antecipação de compras pelas distribuidoras provocaram a disparada.

Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) Antônio de Pádua Rodrigues, há também as distribuidoras que não costumam comprar com antecipação e acabaram concentrando a busca pelo combustível em dezembro, o que faz com que o preço reaja a uma demanda mais forte. “Este não é um preço político. Ele sobe devido a uma série de motivos ocorridos no final do ano extra o inicio da entressafra. O preço seguirá subindo até que não seja mais vantajoso ao consumidor e ele volta à gasolina. Foi o que ocorreu em 2006 nesta mesma época”, diz o .

Segundo levantamento Cepea/Esalq, na última semana de 2006, poucas usinas paulistas estiveram ativas no mercado, mas a demanda se mostrou relativamente aquecida segundo a o Cepea. O resultado foi nova uma alta nos preços de 10% acumulado nas últimas duas semanas, depois de três meses e meio de estabilidade nos preços. O Indicador Cepea/Esalq semanal do álcool hidratado para o estado de São Paulo foi de R$ 0,84299/litro entre 26 e 29 de dezembro, aumento de 4,6% sobre a semana anterior.

Nas duas últimas semanas, o reajuste dos valores pagos por distribuidoras às usinas soma 9,56%. Estes reajustes são relativos ao álcool hidratado, que é usado em motres flex e também à alcool.

Já o álcool anidro, que atualmenet é misturado à gasolina em 23%, teve reajuste de apenas 1,3% na última semana, acumulando alta de 1,62% na quinzena.

Segundo o executivo da Unica, os estoques de alcool das usinas garantem o abastecimento até que a entressafra termine. “No início de março já teremos usinas moendo cana da safra nova e pensamos que não será preciso usar esta safra nova para garantir o abastecimento de abril. Ainda devermos ter estoques”, diz.

Segundo o executivo, o que pode ocorrer, a exemplo do início de 2006 quando houve disparada nos preços em janeiro porém uma queda de 35% na demanda entre fevereiro e março, é o álcool chegar a valor correspondente ao de 70% do preço da gasolina. A partir deste limite a gasolina passa a ser mais vantajosa devido a sua maior rentabilidade no motor.

Para o analista da RC Consutores Fábio Silveira o álcool hoje está em 51% do preço da gasolina. Estamos abaixo dos cerca de 55% que estávamos nesta mesma época de 2006. Segundo ele, é pouco provável que cheguemos a este nível até o final da entressafra. “Os preços do álcool podem subir em janeiro e também em fevereiro que pelas nossas projeções não devem chegar aos 70%”, diz.

Mais rentável

O álcool hidratado (misturado com água) esteve na última semana 2% mas rentável – custos de produção versus o preço final do produto – do que o álcool anidro. Isso é raro de ocorrer já que este último é misturado á gasolina e portanto segue o mercado da mesma. “Estamos presenciando mudanças no perfil de consumo dentro do mercado doméstico”, diz a analista do Cepea Marta Cristina Marjotta-Maistro.

kicker: Segundo Cepea houve alta nos preços de 10% nas últimas duas semanas, depois de três meses de estabilidade