Mercado

Álcool, o bom negócio da década

A cana-de-açúcar sempre foi um bom negócio e “agora é ótimo”. A frase do economista Antonio Luiz Teixeira de Barros, que participa do conselho administrativo de várias usinas, resume bem o atual momento vivido pelo álcool brasileiro que após ter se consolidado no mercado interno começa sua caminhada rumo à conquista dos consumidores externos. O álcool é o tema da reportagem de capa da atual edição da revista Forbes, publicação da Editora JB que também edita a Gazeta Mercantil.

As jornalistas Violeta Marien e Luciana Collet, autoras da reportagem, entrevistaram produtores, analistas e consultores, todos unânimes na opinião de que, realmente, o álcool é o “melhor negócio” do momento. Entre eles, o usineiro João Guilherme Ometto, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e responsável pelo comitê da agroindústria da instituição, que vai além de Borges e defende que, para que o Brasil cumpra sua vocação de celeiro do mundo, é preciso investir mais em tecnologia e logística.

Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica, associação que reúne os responsáveis por 80% da produção de açúcar e álcool do País também concorda, e cita o acordo assinado para o estudo de viabilidades para a implantação de dutos nas faixas de domínio das rodovias para a exportação de álcool pelos portos de Santos e São Sebastião.Outro economista, Julio Maria Martins Borges, da JOB Economia e Planejamento, diz que a cana é a “cultura da vez” e o álcool será um bom negócio até o final da década.

Para Borges, que há 30 anos trabalha no setor, o álcool combustível ganhou importância quando o preço do barril do petróleo deu mostras de que não voltaria mais para o patamar de US$ 25. “Mas isso era uma bola cantada há muito tempo. Todos sabem que as reservas mundiais desse combustível fóssil são limitadas, vão acabar um dia. Mas só agora, quando o mundo percebeu que não existe mais petróleo barato é que os países saíram em busca de algo que o substitua. E redescobriram o álcool – uma fonte limpa e barata”.

Uma prova dessa “redescoberta, mostrada na reportagem, é o interesse do capital internacional pela compra ou associação com grandes empresas que atuam no mercado da cana. Sem poder citar nomes, Borges afirma que é prática corrente no mercado a reserva de terras. Uma verdadeira corrida – quem quiser lucrar no futuro próximo, investe na cana. Foi o que fez, por exemplo, o pecuarista Samir Jubran que, no ano passado, destinou uma de suas fazendas ao plantio da cana. Pecuarista de coração, adotou a cana também. Esse tipo de movimento tem sido freqüente e deve aumentar, segundo o diretor da JOB.

Considerado um grande defensor do etanol, o ex-ministro Roberto Rodrigues esteve em Berlim no início de julho para convencer os alemães da qualidade do produto brasileiro. Ele quer fechar um acordo de cooperação para o desenvolvimento do mercado de etanol na Alemanha e em outros países. A intenção, segundo ele, é consolidar o produto, fazendo dele uma commodity, para que se estabeleçam padrões internacionais para o produto. A proposta foi lançada durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha.