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Álcool no tanque rendeu R$ 715 em doze meses

Abastecer um veículo bicombustível com álcool, em vez de gasolina, durante um ano proporcionou nos últimos 12 meses uma economia de R$ 715,52 ao proprietário, se o veículo for um Chevrolet Celta 1.0 Flex Power e se seu proprietário mantiver a rotina de rodar em média 400 quilômetros por semana. O cálculo foi feito pela pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Marta Cristina Marjotta-Maistro e pelo graduando em engenharia agronômica da Esalq/USP Guilherme Augusto Asai.

Quase cinco anos após o lançamento dos veículos bicombustíveis, o consumo de etanol no lugar de gasolina oferece vantagem financeira considerada boa pelos especialistas. Numa situação improvável em que a diferença do preço do álcool e da gasolina se mantivesse em 53% nos últimos cinco anos, como ocorreu no ano passado, e a distância percorrida se mantivesse em 400 quilômetros por semana, a economia com combustível teria sido de R$ 3.577,60.

O estudo feito pelos pesquisadores do Cepea mostrou ainda que, nos quase cinco anos desde o lançamento dos “flex-fuel”, o álcool só deixou de ser vantajoso nos últimos março e abril. Foi quando o preço do etanol ultrapassou a linha dos 70% sobre a gasolina na média do estado de São Paulo, ou seja, perdeu efetivamente a vantagem. Com o crescimento da demanda por álcool, graças ao sucesso das vendas dos bicombustíveis e ao crescimento das exportações do combustível, que teve as cotações valorizadas, os preços começaram a subir no mercado.

O clima negativo criado pelos usineiros, que reajustaram seus preços em níveis elevados no período da entressafra da cana-de-açúcar foi contornado com a antecipação da safra. Mesmo assim, os preços se mantiveram elevados aos consumidores até o fim de abril, embora a maioria das usinas já tivessem em plena atividade.

Apesar de a previsão da safra 2006/07 na região Centro-Sul ser de uma produção de cana 11,3% maior, a oferta de álcool no mercado doméstico deverá ser justa ao consumo. Segundo analistas, as exportações de etanol deverão manter-se aceleradas, pressionando os preços internos neste ano.

Também mantêm-se pressionados os preços do açúcar pela demanda internacional e por força das decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC) que impôs limites às exportações de açúcar subsidiado pelos países da União Européia. Fatores de mercado como esses deverão contribuir para que a vantagem oferecida pelo álcool combustível se torne menos atraente do que nos primeiros anos de existência dos veículos bicombustíveis.