Nos anos 70, com a crise do petróleo, o Brasil resolveu desenvolver um combustível alternativo, e criou-se o Proálcool. Na época, surgiu uma regra exigindo que o álcool fosse utilizado em todas as corridas de carro, exceto nas categorias internacionais que viessem competir aqui.
Quando comecei no kart, em 1986, era assim. A mistura do álcool com o óleo para motores dois tempos gerava um aroma que impregnava as roupas. Até hoje, quando pego meus macacões de kartista, ainda sinto aquele cheiro. Com a superação da crise do petróleo, no fim dos anos 80, as corridas voltaram a ser feitas com o uso de gasolina.
A obrigatoriedade do uso do álcool nas corridas gerou reações positivas, pois ele produz mais potência. Mas existiam dois problemas. Um era que o álcool corroía os motores. O outro é que, em automobilismo, as pesquisas e inovações vinham de fora. Não havia como aplicá-las aqui. Nosso combustível era diferente do resto do mundo. E aí o automobilismo brasileiro tornou-se um centro de pesquisa e desenvolvimento.
Há alguns anos, a indústria automobilística brasileira investiu novamente no álcool e, com tecnologia desenvolvida pela Bosch, fez o carro bicombustível, e até tricombustível, utilizando também o GNV (gás natural veicular).
Isso se tornou um sucesso. Hoje, os automóveis do tipo bicombustível estão dominando o mercado. Esses veículos podem usar álcool ou gasolina em qualquer proporção, num único tanque. Todos os nossos modelos populares são assim.
Agora, para a temporada 2005, que começará em Curitiba, no segundo fim de semana de março, o álcool foi escolhido para ser utilizado na Copa Clio, a categoria de turismo do Renault Speed Show, que promovo junto de Pedro Paulo Diniz. É uma forma de a Renault mostrar a capacidade dos seus motores quando movidos com esse combustível.
O grande lance é que nos anos 80 a escolha do álcool foi praticamente imposta ao consumidor. Hoje, tanto nas ruas quanto nas pistas, o uso do álcool é de fato uma opção. E o mais legal de tudo é que o Brasil é o pioneiro mundial na tecnologia bicombustível, e na tricombustível também!