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Álcool não concorre com alimentos, diz Dilma Rousseff

Ministra destaca posição do País no desenvolvimento de combustíveis verdes e faz elogios ao PAC. Melhorar a qualidade dos combustíveis fósseis, dar maior ênfase às questões ambientais, reforçar a matriz energética do País com investimentos em novos empreendimentos e fontes alternativas de geração de energia elétrica. Essas são algumas das propostas incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que foram apresentadas na sexta-feira pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no debate “Impacto do PAC no Grande ABCD”, realizado em São Bernardo do Campo.

Durante o encontro, a ministra destacou a posição do Brasil no desenvolvimento dos combustíveis verdes, como etanol e biodiesel, e disse que não teme por uma redução do plantio de alimentos por conta do avanço do álcool. “Hoje utilizamos apenas uma pequena área agricultável para o plantio de cana-de-açúcar. Não concorremos com a produção de alimentos. Cana não é alimento”, enfatizou.

Questionada sobre o desenvolvimento do PAC, a ministra negou que o esteja paralisado e que suas medidas provisórias no Congresso Nacional estejam travadas. “Para falar que o PAC está travado tem que me dizer onde, em que área e em que projeto?”, retrucou, mesmo reconhecendo que o programa tem alguns pontos que ainda devem ser discutidos. “Se eu negasse, estaria cometendo, uma inverdade e subestimando a inteligência da população. Também acho que subestimar a inteligência da população é achar que o PAC não tem obras em andamento”, disse a ministra, citando algumas que já estão ocorrendo, como os gasodutos Coari-Manaus e Gasene, o trecho Norte da ferrovia Norte-Sul e as rodovias BR-101 e BR-163. “Estas obras não estão todas em fase final, mas serão concluídas até setembro de 2007. Outras (serão finalizadas) em 2008 e outras estão sendo iniciadas. Portanto, nós não fazemos a análise de que o PAC está atrasado”, disse.

Outro participante do debate realizado na sexta-feira foi o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que apresentou os planos da estatal para o setor petroquímico do Grande ABCD, considerando três pontos: a área de petroquímica, refinaria e dutos.

A estatal brasileira prevê para a Petroquímica União (PQU), localizada entre os municípios de Santo André e Mauá, o aumento da produção de eteno de 200 mil toneladas/ano para 700 mil toneladas/ano, com investimento total de R$ 1,2 bilhão.

Além disso, será construído o gasoduto entre o Vale do Paraíba e a PQU, com capacidade de 1.200 metros cúbicos de gás de refino. Com 100 quilômetros de extensão, o gasoduto deverá entrar em operação no segundo semestre de 2008. Os tributos gerados durante a obra são da ordem de US$ 100 milhões e geração de três mil empregos. “Com fortalecimento do setor petroquímico, o Brasil terá mais condições de competitividade, tanto no mercado nacional como internacional”, afirmou Costa.

Sobre os projetos da estatal com a aquisição das empresas do Grupo Ipiranga, pelo consórcio formado pela Petrobras, Braskem e Grupo Ultra, Paulo Roberto Costa disse que as negociações estão caminhando e que a decisão da Comissão de Valores Mobiliários não deverá interferir na conclusão da compra (a CVM investiga o “vazamento de informações” sobre a compra antes da divulgação do negócio, que privilegiaram um grupo de acionistas da Ipiranga).