O preço do álcool hidratado, usado nos veículos flexíveis, continuou a subir e ultrapassou nesta semana o patamar do 1 real por litro com impostos na usina, valor que não era registrado desde agosto, disseram corretores nesta quarta-feira.
Demanda aquecida e oferta menor estão gerando uma alta expressiva e rápida nos preços, que já começa a ser repassada ao consumidor.
O centro-sul, que responde por mais de 85 por cento da produção nacional de cana, está no período de entressafra, quando normalmente os preços sobem pela disponibilidade restrita.
“A demanda aumentou muito, por isso o preço está sofrendo esse reajuste’, disse Ivan Bueno, da Mikz Corretora, que chegou a registrar negócios na tarde de terça-feira por 1,03 real por litro (com ICMS de 12 por cento).
No fim da semana passada, o hidratado era negociado, segundo corretoras paulistas, por 98 a 99 centavos de real por litro, já com uma alta considerável frente aos 90-93 centavos da semana anterior.
“O hidratado vem subindo 20 reais (por mil litros) a cada dia’, observou Marcelo Andrade, diretor da Ecoflex Trading, que registrou negócios com hidratado na terça-feira por 1 real o litro em São Paulo, e por até 1,02 real no Paraná.
“Muitas usinas não querem mais vender em dezembro, porque estão com expectativa de preços ainda maiores’, disse Andrade, considerando, contudo, que os compradores devem “ficar atentos’ no início de janeiro, já que os dados de estoques podem estar um pouco distorcidos.
Bueno, da Mikz, considera que há espaço para um aumento ainda maior já que a demanda está forte e as usinas, de modo geral, têm pouca necessidade de caixa nesta época do ano.
Um outro corretor de São Paulo comentou que a recente recuperação dos preços do álcool nos EUA, que neste ano foi o principal destino do álcool brasileiro no exterior, também pode oferecer sustentação ao mercado brasileiro nos próximos meses.
Já o anidro, que é usado na mistura com a gasolina, segue ‘descolado’ do hidratado, com valor estável nos últimos dias, segundo os corretores, na casa dos 89-90 centavos o litro.
Para as usinas, a venda do anidro ainda remunera mais, mas alguns corretores apostam que, se a diferença entre os dois produtos continuar a aumentar, muitas usinas vão acabar adicionando água ao anidro a partir de janeiro, para vendê-lo como hidratado.
A demanda gerada pelos veículos flexíveis, cuja frota já passa das 2 milhões de unidades, é a principal responsável pela valorização do hidratado.
Após anos de retração, pelo sucateamento da frota de veículos a álcool, a demanda por hidratado subiu de modo expressivo na atual temporada (2006/07), em 1 bilhão de litros, conforme a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Tal expansão acabou compensando uma queda de mesma dimensão registrada no consumo de anidro.
A produção, por sua vez, também tendeu mais para o hidratado na atual safra do centro-sul, com expansão de 16,2 por cento sobre a temporada 2005/06. No anidro, o crescimento foi de 5,9 por cento, segundo dados divulgados na semana passada pela Unica.