Mercado

Álcool hidratado acumula alta de 12% no mês

Os preços do álcool hidratado voltaram a subir na última quinzena de dezembro no mercado paulista, impulsionados pelo aquecimento da demanda e pela redução da oferta pelas usinas, que tradicionalmente paralisam as atividades nesse período. Conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), na semana entre 24 e 28, o preço do hidratado subiu 4,59% em relação à semana anterior, para média de R$ 0,84299 por litro, livre de impostos. No mês, a alta chega a 12,9%.

Ivelise Rasera Bragato, analista do Cepea, afirma que a alta foi provocada basicamente pelo aumento da demanda devido ao aumento da frota de carros bicombustíveis, cujas vendas, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), somaram 1,27 milhão de unidades entre janeiro e novembro.

“Esse é um comportamento normal do mercado. Não há sinais de risco de desabastecimento”, avalia. Ela observa ainda que os preços do álcool anidro (usado na mistura com a gasolina) tiveram incremento bem menor, de 2%, para R$ 0,86591 por litro sem impostos, o que indica que o aumento no hidratado deveu-se à demanda.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), os estoques estão dentro dos limites esperados para a época. “Vai acontecer o mesmo que ocorreu nos outros anos. A alta nos preços na entressafra é um processo natural”, afirmou Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

De acordo com a entidade, ao longo do ano, houve aumento no consumo de álcool hidratado em 1 bilhão de litros, mas que foi anulado pela economia do anidro – fruto da redução da mistura de álcool na gasolina de 25% para 20% em março, e que foi elevado para 23% em novembro. A produção de álcool na safra foi de 15,9 bilhões de litros, para um consumo interno de 13 bilhões de litros e exportações de 2,9 bilhões de litros.

Para Hélio Pirani Fiorin, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), o principal motivador da alta do hidratado foi a decisão das usinas em segurar estoques. “Acontece a mesma coisa todo ano. As usinas param e as que estão abertas cobram o preço que querem. A demanda não mudou em absolutamente nada”, diz Fiorin. Conforme a entidade, o preço pago pelos postos às distribuidoras subiu 20% nos últimos dez dias, para uma média de R$ 1,20 por litro.

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no dia 28, o litro do hidratado saía das distribuidoras do Sudeste a R$ 1,075. O preço médio ao consumidor estava em R$ 1,291 por litro. Tanto o Sincopetro como o Cepea prevêem novas altas para nas próximas semanas, com o preço pago à usina devendo superar a marca de R$ 1 por litro.