Representantes dos Ministérios da Agricultura e de Minas e Energia vão se reunir, na próxima semana, com dirigentes do setor de distribuição e revenda de combustíveis para discutir as margens de lucro desse setor na comercialização de álcool.
“Vamos conversar com eles e pedir a contribuição de todo mundo para que o consumidor seja abastecido com preço razoável no período de entressafra”, afirmou à Agência Estado o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan.
Segundo ele, o Ministério da Agricultura espera que os produtores de álcool mantenham a diferença de preço que sempre existiu entre o álcool anidro, que é misturado à gasolina, e o hidratado, que pode ser injetado diretamente nos tanques dos veículos. Essa diferença estava em R$ 0,05 na semana passada, quando o produto anidro chegou a R$ 1,08 na usina e o hidratado, a R$ 1,03. Em época de safra, essa diferença fica em torno de R$ 0,10.
Bressan disse que não há necessidade de se fixarem dois preços para o álcool anidro e hidratado. “Fixando um, o outro se ajusta automaticamente, dentro da relação normal de preço”, sustentou.
“A gente espera que o comportamento continue padrão e que o preço do álcool hidratado fique abaixo do anidro”, disse Bressan. O álcool anidro custa mais caro porque ele passa por um processo de desidratação. Bressan disse que, segunda-feira, será possível saber exatamente quais são os preços praticados, quando forem divulgados os dados mais recentes levantados pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq), em Piracicaba (SP) sobre o comportamento do mercado do setor.
O diretor disse que o Ministério não tem ingerência na distribuição e revenda de álcool, vinculadas ao Ministério de Minas e Energia e sob fiscalização da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ele manifestou, também, sua esperança no sentido de que a Petrobrás se disponha a colaborar para que as margens sejam as menores possíveis, uma vez que ela detém parte significativa do mercado varejista de combustíveis.
Bressan não concorda com a tese de que os usineiros tenham se beneficiado do acordo fechado ontem com eles. Segundo ele, o segmento produtor de álcool fez sacrifício ao concordar com o preço de R$ 1,05, já que a entressafra poderia elevar o preço do produto acima desse valor.