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Álcool e gasolina impedem alta do IPCA, afirma IBGE

A queda nos preços dos combustíveis, embalada pela safra recorde de cana-de-açúcar, ajudou a segurar a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em março, que registrou variação de 0,47%, ante 0,61% em fevereiro. A taxa ficou ligeiramente acima das expectativas do mercado financeiro (0,35% a 0,45%), mas manteve intactas as apostas da maioria dos analistas de queda de 0,25 ponto porcentual da Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da próxima semana.

A gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eulina Nunes dos Santos, disse que os números do IPCA de março mostram que houve repasse, para o varejo, dos aumentos ocorridos no atacado desde janeiro, mas os reajustes foram concentrados e, portanto, “apesar desse repasse, não há sinal de descontrole da inflação, porque não há evidência de aumentos generalizados.”

Os repasses ocorreram em itens como automóveis novos (2,33%), automóveis usados (1,39%), eletrodomésticos (1,76%), óleo de soja (7,6%) e ovos (6,86%). Eulina destacou que esses reajustes ocorreram por causa de pressões de custos – como o aço no caso dos automóveis e eletrodomésticos – ou aumento de preços de commodities (produtos com preços cotados no mercado internacional), no que diz respeito à soja.

O aumento dos ovos foi resultado de uma tendência sazonal histórica, já que o produto sofre elevação de preços no início do ano, e também de repasse de custos do reajuste do milho do final do ano passado. “Os aumentos são pontuais, não há sinal de descontrole e sim alguns repasses de custos”, disse Eulina. Além da queda nos preços dos combustíveis, a ausência de impactos das mensalidades escolares, que tiveram forte pressão sobre a taxa de fevereiro, contribuiu para o recuo da taxa de um mês para o outro.

As apostas na queda dos juros esfriaram um pouco ontem porque as contas de algumas instituições financeiras apontaram que o núcleo do IPCA – variação que exclui as maiores altas e quedas do período, revelando a tendência “real” dos preços – subiu de fevereiro para março, revelando uma possível tendência de alta futura da inflação.

A queda nos preços dos combustíveis contribuiu para segurar o IPCA de março e praticamente anulou o impacto do reajuste dos produtos alimentícios, segundo Eulina. O álcool combustível (-12,78%), beneficiado pela safra recorde de cana-de-açúcar, e a gasolina (-1,14%) tiveram, juntos, contribuição de -0,18.