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Álcool e açúcar puxam demissões na indústria

O setor sucroalcooleiro foi o grande responsável pela queda de 3%, sem ajuste sazonal, do nível de emprego da indústria paulista em dezembro, na comparação com o mês anterior. Com o ajuste sazonal, houve alta de 0,31% nessa comparação. No acumulado de 2009, houve corte de 98 mil empregos industriais, uma baixa de 4,32% ante 2008. Os produtores de álcool e açúcar responderam por 46.861 das 67.000 vagas eliminadas pela indústria no mês passado, de acordo com balanço da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na análise do diretor de Pesquisas Econômicas da entidade, Paulo Francini, o resultado reflete um ajuste natural ocasionado pelo fim do período de safra no setor. “O campo voltará a ter trabalhadores em março. Da mesma forma que enche (os postos de trabalho) no início do ano, esvazia-se no fim do a! no”, disse. Apesar do tombo de dezembro, a indústria sucroalcooleira de São Paulo criou 2.434 postos de trabalho no acumulado do ano passado, ajudando a suavizar o resultado geral da indústria.

A Fiesp acredita que o emprego na indústria paulista mostrará uma recuperação neste ano. Ainda assim, não conseguirá neutralizar em 2010 os cortes de vagas registrados a partir da crise financeira, segundo Francini. “Não conseguiremos retomar o nível de emprego visto antes da crise já em 2010”, afirmou, lembrando que a criação de vagas de trabalho sempre apresenta uma defasagem em relação ao ritmo da atividade econômica.

De acordo com as projeções apresentadas pela Fiesp, o nível de emprego industrial em São Paulo terá uma expansão de 6,2% neste ano, como resultado de um crescimento da mesma magnitude aguardado pela entidade para a economia brasileira em 2010. Francini disse que o avanço será insuficiente para compensar a q! ueda superior a 7% nos postos de trabalho ocasionada pela crise.

O economista afirmou que fatores como o crescimento da renda e do crédito sinalizam para um aquecimento da atividade econômica neste ano. Da mesma forma, ele apontou que a realização de eleições poderá levar os governantes a buscar uma aceleração dos investimentos públicos.

Francini avaliou que o dólar fraco – que retira a competitividade da indústria nacional – representa a “nuvem no horizonte”. Ele ainda afirmou que a decisão da Venezuela de desvalorizar sua moeda também poderá trazer impactos negativos nos negócios com o país de Hugo Chávez.