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Álcool barato esfria planos de expansão de usinas do Centro-Sul

A queda de 29,1% no preço do álcool hidratado nas últimas cinco semanas, em pleno início de safra no Centro-Sul do País, é sentida como um balde de água fria pelo setor sucroalcooleiro, que pode suspender parte dos investimentos planejados na maior expansão desta agroindústria no País.

“Esse crescimento todo previsto para a produção de álcool pode não acontecer”, disse na sexta-feira, em Ribeirão Preto, o economista Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Segundo Pádua, os projetos de usinas e destilarias se destinam a atender o mercado interno e exportações marginais. Quanto a outros projetos, com objetivo de abastecer parte do planeta com combustível de fonte renovável, podem ficar comprometidos. “Se não houver remuneração adequada, o empresário não produz”, disse Pádua.

“Nem tudo são flores pela frente”, alertou o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho. “Teremos dois anos difíceis para enfrentar, em que a oferta pode superar a demanda”, alertou. “E cabem acidentes de percurso”, disse, durante o debate “O Futuro do Álcool”, realizado pela FEA-USP e pelo jornal A Cidade.

Segundo Carvalho, 30% dos carros flex do País não usam álcool, por questões de preços (influenciados por frete e impostos) e de imagem negativa do combustível. “Estamos assistindo os preços do álcool cair há três semanas e ninguém compra nada”, afirmou Pádua. Segundo ele, há poucos negócios com álcool em bolsa de mercadorias e o produto é vendido, praticamente no ano todo, só no mercado spot. “Além disso, não temos mercado externo cativo nem logística para exportar”, acrescentou.

Luthero Winter Moreira, da gerência de álcool e oxigenados da Petrobras, disse que a companhia “está voltada para um ambicioso programa de exportação de álcool”. Segundo ele, “o Brasil deve ser grande supridor para países que adotarem álcool misturado à gasolina”.

Mas os produtores lembram que a Petrobras não tirou do papel o projeto de dois dutos para escoar a produção de álcool para o terminal de São Sebastião, no litoral paulista, nem exportou grandes volumes de álcool. “A exportação é para depois de amanhã”, disse Carvalho.

Goldman afirmou que São Paulo, como líder mundial no setor, tem a responsabilidade de coordenar e articular as forças produtivas. “Temos uma chance de diminuir o aquecimento global e não podemos perdê-la”.

kicker: Em cinco semanas, preço do combustível caiu 29% e azedou o humor dos usineiros que contavam com o mercado firme em 2007