Os combustíveis foram os grandes vilões da inflação em janeiro e levaram o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) a 0,92% este mês, o maior patamar desde agosto de 2004, quando o índice atingiu 1,22%.
Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o avanço dos preços do álcool foi o motor para que os combustíveis tivessem peso de 27% na inflação este mês. No atacado, combustíveis e lubrificantes registraram alta de 2,57% em janeiro, após deflação de 2,59% em dezembro. A maior alta ficou com a cadeia do álcool. O efeito foi de tal magnitude que levou a gasolina vendida ao consumidor, que tem 25% de álcool em sua composição, a uma alta de 1,39%. O álcool combustível ao consumidor registrou alta de 8,85%. Em dezembro, ele já havia ficado 1,92% mais caro.
O acordo fechado pelo governo com usineiros para evitar a alta do álcool ainda não teve reflexo nos índices de inflação. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, isto ocorre porque o IGP-M engloba preços captados de 21 de dezembro a 20 de janeiro.
– Todo acordo que envolve estocagem leva um tempo para surtir efeito, porque existe o problema de renovação de estoques. É possível que o seu efeito ainda demore a ser captado.
A alta da cadeia do álcool não se restringiu às bombas. A cana-de-açúcar apurou variação de 4,52%, após alta de 1,58% em dezembro. O álcool etílico hidratado no varejo registrou alta de 7,24%.
Mas o processo de acomodação dos preços parece já ter começado, embora de forma tímida. Pesquisa semanal feita pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou que o preço médio do álcool hidratado e da gasolina no Brasil tiveram queda quase imperceptível na última semana. O preço do litro do álcool vendido ao consumidor passou para R$ 1,734, queda de 0,06%. A gasolina seguiu o comportamento do álcool e cedeu 0,04%, para R$ 2,500.
Apesar do IGP-M em alta, o mercado financeiro reduziu, depois de duas semanas, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2006. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a previsão para o índice recuou de 4,61% para 4,60%. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) ficou estável em 4,86%. Também ficou estável a perspectiva para o IGP-M, em 4,85%.