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Alagoas estuda uso do crédito de carbono

O protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro, é um acordo internacional cujo objetivo é limitar a emissão, pelas nações industrializadas, de gases responsáveis pelo aquecimento do planeta, garantindo um modelo de desenvolvimento sem poluição. Kyoto tem como conseqüência, o estímulo, indireto, às exportações de álcool combustível, considerado limpo e renovável.

A Petrobrás trabalha com uma perspectiva de 40 bilhões de litros de álcool vendidos no mercado mundial nos próximos dez anos. Até lá, o Brasil deverá sair de sua produção atual de 17,5 bilhões de litros para uma produção de 30 bilhões. Atualmente, Índia e Estados Unidos são os maiores mercados do País, com 800 milhões de litros. A previsão é de que, nos próximos anos, o aumento das vendas para o Japão, China, Coréia e Índia possam chegar a US$ 1 bilhão por ano. O Brasil passaria a ser líder mundial na exportação de álcool e o Nordeste poderia exportar mais um bilhão de litros.

Em 2004, o Brasil exportou 2,4 bilhões de litros de álcool, três vezes mais do que foi embarcado em 2003, contra um consumo interno de 15 bilhões de litros. Mas com o preço do petróleo em alta, o aumento da demanda e a necessidade ambiental de reduzir a emissão de poluentes, o álcool e outras formas de energia renovável devem crescer muito suas exportações nos próximos anos.

Os analistas do setor acreditam que basta o preço do barril de petróleo ser cotado a US$ 35, para que o álcool seja competitivo e a cana-de-açúcar fique viável como fonte de combustível. O preço do petróleo ultrapassou os US$ 60 semana passada.

“A entrada da Petrobrás como exportadora de álcool, vendendo, inicialmente, para Venezuela, contribuirá para reduzir, pela metade, os custos de transporte que é um dos maiores entraves para a competitividade do álcool brasileiro”, diz o professor Cícero Péricles de Carvalho, ressaltando qua a estatal contribui para dar confiança e estabilidade às exportações.

Para viabilizar sua estratégia exportadora, a Petrobras deverá investir na construção de um alcoolduto para levar a produção das usinas do interior de São Paulo até um terminal no Rio de Janeiro, reduzindo o custo atual de transporte de US$ 40 por tonelada no Porto de Santos para o equivalente a US$ 12, que é obtido no Nordeste. “E isso ajuda a consolidar o álcool como commodity, beneficiando a produção nacional”, analisa Carvalho.

Pelas regras do Protocolo de Kyoto, empresas dos países desenvolvidos, que terão que atingir as metas de redução da emissão de gases poluentes, poderão comprar os Certificados de Emissão Reduzida às empresas de países que não tem essa obrigação, como o Brasil, por exemplo, num sistema conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

As usinas, que produzem energia com a queima de bagaço de cana e deixam de emitir dióxido de carbono, têm aí uma nova oportunidade de negócio, tendo em vista que essa vantagem será convertida em crédito de carbono para ser comercializado no mercado internacional. O Grupo Tércio Wanderley é o primeiro grupo alagoano a investir no programa de Créditos de Carbono. De acordo com o empresário José Ribeiro Toledo Filho, os outros grupos alagoanos ainda vão observar o avanço deste mercado para investir maciçamente nele.