O compromisso nacional para aperfeiçoar as condições de trabalho na cana-de-açúcar, assinado recentemente por mais de 300 usinas, junto ao governo federal, é um grande passo para o setor.
A adesão das companhias sinaliza a preocupação com as relações humanas nos processos que envolvem toda a cadeia produtiva, estimulando a profissionalização das atividades e criando mecanismos que prezam pela responsabilidade entre empregadores e funcionários.
Com este acordo, fica evidente que o setor sucroenergético está atendo aos ajustes necessários para que as atividades tornem-se cada vez mais sustentáveis.
Ações positivas e empenho na melhoria de processos deverão ser celebrados não só pelo setor, mas por todo o País. Foco de intensos debates, nacionais e internacionais, o mercado de açúcar, álcool e energia dispõe de um universo grandioso, que merece ser destacado. Cabe ressaltar aqui algumas vertentes deste mercado, que mantém sua curva de consolidação ascendente em diversas áreas.
Na área comercial, a importância das usinas de açúcar e álcool é facilmente percebida. Combustíveis provenientes de fontes renováveis de energia, que contribuem para diminuição das emissões de CO2 na atmosfera, são cada vez mais necessários. Esse reconhecimento ocorre mesmo com barreiras protecionistas, que dificultam que o etanol, proveniente da cana-de-açúcar, torne-se uma commodity internacional.
O Brasil tem destaque quando se trata energia limpa e renovável. Em pesquisa recente, o Estado americano da Califórnia elegeu o álcool brasileiro, produzido da cana-de-açúcar, como principal produto no combate ao aquecimento global.
Países como Suécia, Holanda e Japão também já reconhecem o potencial do nosso produto e ajudam a confirmar o álcool brasileiro como excelente alternativa à utilização de combustíveis fósseis – e economicamente viável.
No campo profissional, jovens talentos, de diferentes segmentos, são atraídos pelo setor sucroenergético brasileiro, que é referência mundial em bioenergia e benchmark na produção e comercialização de derivados da cana-de-açúcar, como etanol, açúcar e energia. Fascinados pela vitrine internacional, estes jovens buscam o dinamismo, os desafios e a assertividade que o setor exprime.
Já as usinas, ao agregarem profissionais provenientes de outros setores da economia, tornam-se cada vez mais modernas. As usinas absorvem esses novos talentos. Nos últimos três anos, por exemplo, foram contratados muitos profissionais de empresas como Goodyear, TIM, Natura, Aracruz, Sadia, Vale e consultorias como At Kearney, Mckinsey, KPMG e Bain & Company.
As usinas também têm investido em processos que garantem a proteção ao meio ambiente e o cuidado com as pessoas em todos as esferas da cadeia produtiva. A assinatura do Protocolo Agroambiental, junto ao governo do Estado de São Paulo, ilustra esta preocupação. Com o acordo, as usinas de cana-de-açúcar comprometem-se a eliminar a queima da palha de cana nas áreas mecanizáveis até 2014 e a não utilizar a queima em 70% da cana dessas áreas até 2010.
O protocolo prevê também outras iniciativas ambientais importantes, como a implementação de planos de conservação do solo, de recursos hídricos e de recuperação e proteção das matas ciliares. Além disso, constam a proteção da biodiversidade, as boas práticas de utilização e descarte de embalagens de agrotóxicos, a reciclagem e reuso dos resíduos gerados e, ainda, a minimização da poluição atmosférica.
Atentas ao impacto social que a mecanização das lavouras traz, as usinas requalificam os profissionais do corte de cana para novas possibilidades de trabalho. Por meio desses programas, como o Renovação – idealizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar em conjunto com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo –, já são oferecidos cursos para que os funcionários exerçam outras atividades, em diversos setores, que não apenas o sucroenergético.
Com todas essas ações, fica evidente que as empresas do setor sabem da sua importância para a evolução do segmento e pretendem continuar sua escala de crescimento mundial. Alinhadas com as ações governamentais, instituições de ensino e órgãos públicos, as usinas sucroenergéticas têm como principal objetivo garantir seu desenvolvimento sustentável.
Luís Carlos Veguin é diretor de Recursos Humanos da Cosan – Grupo Sucroenergético