Mercado

Agronegócio e indústria vêem PIB fraco

A indústria e o agronegócio divulgaram cenários pessimistas para a economia brasileira neste ano.

Para a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), o agronegócio poderá ter uma retração de 1,88% em 2006. Já a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu sua estimativa do crescimento do PIB neste ano para 2,9%, contra projeção de 3,7% em abril. Para a CNI, o crescimento da indústria ficará em apenas 3,5% no ano.

A pesada carga tributária para financiar aumentos dos gastos públicos e o “rigor excessivo” do aperto monetário foram apontados como principais motivos para o índice baixo.

“A permanência de juros reais elevados desestimulou o investimento, enfraquecendo uma das bases do crescimento. Mas o menor crescimento é também devido ao arrefecimento da demanda externa, fruto da forte valorização do câmbio potencializada pelos juros altos”, avalia o Informe Conjuntural da CNI.

Com base na queda de 0,98% do PIB do agronegócio e de 1,88% da agropecuária no primeiro semestre, a CNA revisou as previsões para o ano. No caso da agropecuária, a entidade estima queda de 3,72% em 2006. Já para o agronegócio foi projetada uma queda de 1,88%. Esse desempenho negativos vai custar, segundo a CNA, 0,4 ponto no crescimento da economia como um todo.

De acordo com os cálculos da CNA, não fosse pela queda da renda no campo neste ano, o PIB do país cresceria 3,9% em 2006 e não 3,5%, conforme previsão do Banco Central. Para a CNA, a retração vai significar 10 mil empregos a menos no campo. Mesmo assim, a entidade trabalha com uma recuperação da agropecuária neste semestre devido ao aumento dos preços do setor.

Revisão de números

À exceção do Ministério da Fazenda, a ampla maioria dos analistas e instituições de mercado revisou as previsões para o crescimento da economia brasileira neste ano, depois da divulgação pelo IBGE de que o PIB cresceu só 0,5% no segundo trimestre.

Enquanto o ministro Guido Mantega (Fazenda) insiste em apontar 4%, o relatório Focus, elaborado pelo BC a partir de pesquisa com o mercado financeiro, estima 3,11% de expansão em 2006. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), subordinado ao Ministério do Planejamento, espera 3,3%.

Segundo a CNI, a redução implementada pelo BC da taxa de juros básica da economia, a Selic, ainda não resulta em melhorias para o cenário econômico das empresas. A confederação reduziu de 5% para 3,5% a expectativa de crescimento do PIB industrial neste ano.

Renda rural

Os recordes nas exportações do agronegócio, devido ao aumento do preço médio da tonelada exportada, não têm evitado a contração da renda do produtores rurais.

Segundo a CNA, os baixos preços pagos pelos produtos agrícolas e pecuários no mercado interno é a principal causa da queda do PIB do setor.

No primeiro semestre do ano, as exportações do agronegócio chegaram a US$ 32 bilhões, um aumento de 10,9% com relação ao mesmo período do ano passado.

“O Brasil exporta cerca de 20% do que produz. O restante da produção fica no mercado doméstico, que não é sensível aos preços das commodities no mercado internacional. Além disso, as exportações são feitas por grandes empresas e não por produtores e a margem de ganho não é repassada para os preços pagos pelos produtos”, disse superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta.

O aumento da produtividade não compensou as perdas no primeiro semestre. O PIB da agricultura caiu 1,46% até junho, apesar da expansão de 1,89% na quantidade produzida, mas os preços médios na comercialização doméstica dos produtos caíram 3,29%.

No caso da pecuária, a queda no PIB foi de 2,41% e a redução do preço médios dos produtos foi de cerca de 4,16%, enquanto a produção no período cresceu 1,83%.