O agronegócio brasileiro, que no início dos anos 2000 foi palco de uma série de fusões e aquisições no segmento de açúcar e álcool, voltou à lista de setores mais cobiçados por investidores. Desta vez, o interesse está em uma variedade muito maior de segmentos, que vão desde logística e ração animal até fertilizantes e insumos.
“Cinco anos atrás, não se via esse tipo de coisa. Era mais foco em compra de terras e algo no setor sucroalcooleiro”, afirma o diretor de Investment Banking do Banco Indusval & Partners (BI&P), Rogério Pacheco.
Um levantamento do Transactional Track Record (TTR), parceiro do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, aponta que ocorreram neste ano, até agora, 18 transações no setor de agronegócios brasileiro, que movimentaram R$ 1,4 bilhão. Desse total, cinco foram empresas estrangeiras comprando ativos no Brasil. De janeiro a dezembro de 2013, 26 transações movimentaram R$ 4,6 bilhões, das quais cinco já envolviam compradores estrangeiros.
Na dianteira desse movimento estão principalmente fundos de private equity e fundos soberanos. A preferência tem sido por negócios que circundam a produção agrícola, como fertilizantes, defensivos, rações, insumos, medicamentos e genética.
Antonio Wever, sócio do Pátria responsável pela área de fusões e aquisições, afirma que investidores da Ásia e do Oriente Médio têm manifestado interesse em atuar diretamente na produção agrícola para assegurar fontes de alimentos no longo prazo. “Muita coisa vai acontecer nos próximos anos, porque o interesse de fora é grande e o setor tem necessidade de capital”, afirma Wever.
No comando da Jaguar Land Rover do Brasil há quatro meses, o inglês Terry Hill vai acompanhar o início da obra da fábrica em Itatiaia (RJ), a primeira fora do Reino Unido que é 100% da marca. A fabricante de veículos de luxo tem três plantas em sua terra natal, uma na China (em parceria com a chinesa Chery) e, em 2016, vai inaugurar a filial brasileira.
Em que fase está a obra?
Estamos concluindo trâmites burocráticos, como alvarás, e no fim do ano começa a terraplenagem.
A crise no setor automotivo alterou os planos da empresa?
Mantemos o projeto inicial. A fábrica terá capacidade para 24 mil veículos ao ano e vai produzir a quantidade que o mercado quiser. O investimento está mantido em R$ 750 milhões.
Que modelos serão feitos?
Ainda estamos definindo, mas será divulgado em breve.
A unidade produzirá também carros da Jaguar?
É uma possibilidade, mas ainda não está definido. Adianto que é uma fábrica bastante flexível.
Os modelos serão exportados?
Inicialmente, serão apenas para o mercado brasileiro.
A Land Rover já teve fábrica no País nos anos 90, que funcionou por apenas cinco anos. O que leva o grupo a acreditar que desta vez dará certo?
Era uma fábrica de CKDs (kits para montagem) do jipe Defender, que não é um veículo de luxo, mas de trabalho. Agora, teremos uma fábrica completa, com todos os processos produtivos, que fará modelos de luxo, segmento que deve crescer muito no Brasil nos próximos anos. Há um potencial para até 500 mil modelos de luxo ao ano no País a partir de 2020. Hoje, são vendidos cerca de 40 mil.
Fonte: O Estado de São Paulo