Os impactos das mudanças climáticas estão afetando todas as cadeias produtivas do agronegócio e levando as empresas a adotarem medidas para evitar perdas mais acentuadas em suas atividades. O cenário de atenção no setor e as medidas que vêm sendo adotadas foram destaque do II EMSEA – Encontro Nacional de Mudanças Climáticas Para o Setor de Energia e Agronegócio –, realizado pela Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, na última quinta-feira (25), no parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos – SP.
Entre as medidas adotadas pelo agronegócio, está a chamada “segunda revolução climática do setor”, que inclui as previsões geolocalizadas e a aplicação das informações climáticas na operação das propriedades rurais, considerando a cultura e a realidade local para o desenvolvimento de ações de mitigação e de adaptação dos impactos, segundo relatou o meteorologista e Head da vertical de Agronegócio da Climatempo, Caio Souza
“Trata-se de uma solução que junta os dados históricos com a previsão geolocalizada para o planejamento corporativo das empresas e visando alcançar a mencionada segunda revolução climática no campo”, afirmou Souza.
Segundo relataram representantes de empresas do setor de carnes, incluindo JBS, Marfrig e Minerva, os estudos climáticos ajudam a determinar a capacidade de retenção de água no solo, a monitorar as pastagens e a favorecer o avanço genético dos animais, garantindo mais resiliência nas operações frente aos eventos climáticos.
Em termos de descarbonização, as empresas atuam baseadas em metas climáticas aprovadas cientificamente para mitigar as emissões de escopos 1, 2 e 3, sendo o escopo 3 o mais desafiador, por considerar as emissões em propriedades parceiras que não são diretamente controladas por elas.
Segundo José Luis Tejon, escritor e sócio-diretor da Biomarketing, a adoção de práticas sustentáveis no agronegócio e de medidas de mitigação dos impactos do clima têm potencial de elevar significativamente a participação do agro no PIB nacional, pois as ações trazem rentabilidade às operações, bem como valorização imobiliária das propriedades. “São práticas que precisam ser pensadas em conjunto e que agregam resultados para o produtor rural”, observou ele durante painel no II EMSEA.
Na opinião do Chefe-Geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, é fundamental desenvolver soluções que resolvam problemas reais enfrentados pelos produtores rurais. Neste sentido, a empresa pública elencou as problemáticas e ajudou a encontrar as soluções tecnológicas para mitigar as emissões dos GEE e os efeitos das mudanças climáticas no campo. Entre elas, a agrometeorologia de precisão como uma maneira eficaz de identificar os eventos extremos e ajudar os produtores a melhorarem a genética das plantas, por exemplo, para se tornarem mais resilientes e adaptadas ao local de cultivo.
Em termos de redução das emissões, Spadotti citou a adoção dos biocombustíveis e dos bioinsumos dentro das propriedades rurais como medidas importantes de descarbonização.
O gás natural e o biometano também possuem papeis relevantes no contexto de transição energética, pois são fontes energéticas menos intensivas que substituem os combustíveis fósseis. “Comparado ao diesel, o uso do metano é capaz de gerar uma descarbonização significativa especialmente no transporte pesado”, disse Christiane Delart, diretora de distribuição de gás na Naturgy Brasil.
Concessionárias como a Naturgy Brasil e a Comgás estão empenhadas em desenvolver corredores sustentáveis no País, a fim de estimular a circulação de frotas de caminhões movidos a gás natural e biometano pelas rodovias brasileiras. Por enquanto, um corredor verde na Rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, está em operação, mas outros 10 estão previstos para funcionarem em outras rodovias no curto prazo.