O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem, no primeiro dia da Agrishow Ribeirão Preto, que a crise que afeta a agricultura brasileira tem “reflexos terríveis” em praticamente todos os setores da economia. “Há um efeito dominó dramático, que afeta não somente os segmentos ligados diretamente ao agronegócio, como companhias de máquinas agrícolas, defensivos, fertilizantes e sementes”, afirmou o ministro.
Segundo ele, em várias cidades do Centro-Oeste comerciantes fecham farmácias, postos de combustíveis, mercados “e tem gente que não consegue nem pagar a faculdade”.
A gravidade da crise, segundo Rodrigues, exige “uma política de longo prazo com medidas estruturantes para superá-la”. A nova política, segundo ele, está sendo negociada em Brasília, e deve envolver questões tributárias e biodiesel.
“Todos os segmentos do agronegócio vinham crescendo. Os dados eram positivos e estimularam investimentos”, afirmou. Segundo ele, um conjunto de fatores quase que simultâneos desencadeou a crise agrícola, como câmbio, juros altos, falta de recursos e de logística, invasões de terra, além do aumento dos preços do petróleo e do aço.Rodrigues disse que a ajuda do governo de R$ 1 bilhão aos produtores de soja “é um projeto inédito”. Mas admitiu que “a agricultura familiar é a mais privilegiada pelo governo”.
“Como agricultor, aprendi que a agricultura sempre tem crise”, disse o ministro. “Mas a regra deveria ser: nunca plante quando o preço está acima da média”, afirmou. Para Rodrigues, “mesmo com todo o desastre da crise e com o sofrimento que ela causa a produtores e trabalhadores, ela vai passar. A agricultura voltará a ser o grande elemento de comando da economia nacional”.
Depois de ter sua permanência defendida por lideranças do agronegócio após o final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro afirmou que “após o término do governo minha missão estará cumprida”.