A obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de 5% de biodiesel ao óleo diesel mineral comercializado no Brasil deve ser estabelecida já em 2010. Atualmente, o valor obrigatório é de 2% (chamado de B2). Uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) prevê o aumento da adição mínima para 3% a partir de 1º de julho de 2008.
No ano passado, a demanda por biodiesel foi 6,2% maior do que a de 2006. Em janeiro deste ano o crescimento foi 9,7% superior ao registrado no mesmo período de 2007. A demanda deve crescer ainda mais por conta do aumento do percentual mínimo de 3% para o acionamento das usinas termelétricas movidas a diesel. Este cenário tem estimulado fabricantes de motores a investirem cada vez mais nos testes com biodiesel, em várias misturas.
A MWM International, por exemplo, apresentou na Agrishow 2008, em Ribeirão Preto, um programa de validação de uso de biocombustíveis que já realizou testes em mais de um milhão de quilômetros rodados. A fabricante de motores testou as misturas B5, B20 e B100 (Biodiesel misturado ao diesel na proporção 5%, 20% e 100%).
De acordo com o gerente de Desenvolvimento do Produto, Guilherme Ebeling, os testes dos tratores deverão ser concluídos em setembro de 2009. “Já rodamos mais de 6.600 horas e vamos concluir com 16 mil horas acumuladas com ótimos resultados”, conta. Segundo Ebeling, todas as avaliações são aprovadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (CNT).
Atualmente a MWM possui três caminhões com os motores Acteon 6.12 TCE rodando com a mistura B5. Oito tratores com propulsor Série 229 injeção mecânica, estão em teste com o B20. Já a mistura B100 está sendo usada em um trator da Série 229.
A partir de julho, a empresa iniciará experiências de campo com a mistura B20 em uma frota de 12 ônibus. Os testes serão estendidos posteriormente para caminhões e picapes. No passado, a companhia já realizou testes com mistura B5 em caminhões médios, ônibus urbanos, picapes e veículos agrícolas.
A Cummins, outra fabricante de motores, também realiza testes para aperfeiçoamento do motor movido a biodiesel e anunciou que até o fim deste ano colocará no mercado um motor capaz de rodar com a mistura B20, ou seja, contendo 20% de biodiesel adicionado ao combustível convencional.
A Cummins acumula no Brasil aproximadamente 400 mil quilômetros usando a mistura B5. As experiências com a mistura B20 já consumiram 850 mil quilômetros, usando como base algumas oleaginosas, além de gordura animal. Outras 1.000 horas foram testadas em dinamômetro e mais 1.250 horas em geradores de energia.
De acordo com o gerente de Marketing da Cummins, Luis Chaim Farah, os testes não mostraram nenhuma falha, queda no desempenho do motor ou qualquer alteração nas emissões em comparação ao combustível convencional. “As experiências foram realizadas em várias partes do País, de forma a testar o funcionamento do combustível em condições climáticas diversas, desde frio intenso enfrentado no Sul, até forte calor no Nordeste”, disse.