Cerca de seis produtores agrícolas protestaram ontem perto da sede da União Européia (UE), em Bruxelas (capital da Bélgica), contra os planos do bloco europeu de eliminar os subsídios à produção de açúcar.
A proposta, que começou a ser discutida ontem, foi elaborada pela Comissão Européia (o braço executivo da UE), após a vitória conjunta do Brasil, da Austrália e da Tailândia na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o sistema de subsídios dados à produção de açúcar na Europa.
Representantes de países africanos e caribenhos também participaram do protesto, uma vez que a reforma proposta pela comissão também afetaria o acesso preferencial desses países aos mercados europeus.
A ministra da Agricultura da Alemanha, Renate Kunast, disse que entende a preocupação dos produtores de açúcar, mas que as reformas “são inevitáveis. As reformas irão acontecer. Os fazendeiros precisam mostrar que sabem lidar de modo responsável com o dinheiro dos impostos”.
A proposta da UE provocou a reprovação de 13 países do bloco, dentre os quais a Espanha e outros sete que, numa postura mais radical, se mostraram dispostos a bloquear as sugestões comunitárias.
A Europa tem hoje cerca de 325 mil produtores de beterraba. A França, a Polônia e a Alemanha estão entre os maiores produtores de beterraba europeus. O presidente da Confederação Internacional dos Produtores Europeus de Beterraba, Otto von Arnold, disse que o projeto, que beneficiará principalmente o Brasil, “irá destruir 80 fábricas de açúcar e mais de 150 mil empregos diretos e indiretos”.
PneusA UE contestará o Brasil amanhã, na OMC, contra as regras brasileiras sobre a importação de pneu usado, sob alegação de que elas violam as leis internacionais. A primeira fase do processo é uma consulta entre a UE e o Brasil. Se os dois governos não se entenderem, árbitros serão chamados para avaliar a situação e determinar se o Brasil terá ou não de modificar suas leis.
A acusação de Bruxelas é quanto à discriminação aplicada pelo Brasil na importação de pneus recauchutados. Segundo uma lei brasileira de 2000, produtos usados não podem ser importados e, portanto, os pneus recauchutados estariam impedidos de serem vendidos ao mercado nacional.