Mercado

Agrenco amplia atuação no País

O valor representa mais de 70% do faturamento da empresa no ano passado (US$ 1,5 bilhão) com exportação de grãos e farelo do Brasil, Argentina e Paraguai. Ontem, o grupo inaugurou a primeira unidade, em Alto Araguaia (MT), que custou US$ 110 milhões.

As outras duas começam a funcionar em abril nos municípios de Caarapó (MS) e Marialva (PR) e somam US$ 80 milhões em investimentos. Os complexos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terão capacidade para processar 2,1 milhões de toneladas de oleaginosas.

A unidade paranaense foi implantada para refino de óleo e produção de biodiesel. A capacidade total de produção de biodiesel dos três complexos será de 470 milhões de litros por ano, cerca de metade da demanda do B-2 (programa de mistura obrigatória de 2% de biodiesel no diesel, que entrou em vigor em todo o País em 1o de janeiro).

Por conta da melhor rentabilidade com a produção de óleos refinados, a fabricação do biocombustível ficará inativa até que esse mercado torne-se viável, diz Antônio Iafelice, CEO do grupo. Ele garante que deixar de fabricar biodiesel não trará impactos à receita prevista com os três complexos. “Não vamos ficar parados. Nossas plantas são flexíveis. A matéria-prima (óleo bruto) será direcionada para produção de óleos refinados para alimentação”, acrescenta Iafelice.

Questionado sobre previsão para iniciar a produção de biodiesel, Iafelice responde que vai depender do mercado. Mas acredita que virá a correção desses preços, que considera serem “sem referência no mercado físico”. “O mercado vai ter que corrigir, se será em 30, 60 ou 90 dias, não sabemos”.

As unidades de Alto Araguaia e Caarapó também vão co-gerar energia com capim brachiária e, além de reduzir pela metade seus custos energéticos, também vão obter receita com a venda do excedente (70% da produção) e ainda com a comercialização de crédito de carbono, estimado em US$ 25 milhões por ano nos dois empreendimentos.

A companhia detém o cultivo de 13 mil hectares arrendados de capim em Alto Araguaia. As unidades de co-geração são flexíveis porque foram projetadas para queimar qualquer tipo de biomassa.

Outro produto inovador em ambos projetos será a produção de farelo super-hipro, com 53% de proteína, ante os 46% do farelo convencional. Estima-se que esse produto tenha preço de mercado entre 13% e 15% maior que o do tipo tradicional.

No setor de compra e venda de grãos, a Agrenco vai movimentar este ano 6,5 milhões de toneladas, ante os 4,7 milhões em 2007, entre Brasil, Argentina e Paraguai. Alternativas viáveis

Sabe-se que a Agrenco estuda a implantação de uma outra indústria processadora de soja na Bahia, onde também está prevista a instalação de um terminal portuário. No entanto, quando questionado sobre onde a companhia quer chegar, o CEO diz que a aposta do grupo é na implantação de alternativas viáveis de oleaginosas que possam fazer dupla com a soja.

Em Mato Grosso, a empresa fez parceria com produtores para que a safrinha seja, em 40 mil hectares, feita com girassol, ante os 20 mil hectares da safra passada. Outros 10 mil experimentais estão sendo cultivados com crambe, uma oleaginosa mexicana da família da canola, com formato de lentilha, e que tem rendimento de óleo em torno de 40% (girassol é de 43%, soja, 19% e caroço de algodão, 15%).

Iafelice faz uma conta simples para justificar sua estratégia de encontrar soluções integradas para produtores e Agrenco. “Dos 10 milhões de hectares com soja no Cerrado, 3 milhões são feitos com milho na safrinha, 1,3 milhão com algodão e, sobram 5,3 milhões com os quais não se faz nada. Por isso, há muito espaço para sementes alternativas”, resume o executivo.