O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) quer firmar parcerias no Brasil para desenvolver o setor sucroenergético em países da África. O principal banco de fomento do desenvolvimento daquele continente quer replicar as lições aprendidas no programa brasileiro de produção de bioletricidade e biocombustíveis.
O diretor executivo de Investimentos do BAD, Geoffrey Manley, esteve no Brasil com a missão de encorajar companhias brasileiras a investirem na África. “Queremos mostrar que é uma boa oportunidade, pois o continente apresenta condições agro-climáticas muito semelhantes às brasileiras, e isso representa grande vantagem competitiva na produção do etanol” disse.
Representantes do BAD visitaram a Unica na semana passada e tiveram a oportunidade de conhecer o programa de etanol brasileiro, desde o Proalcool até o advento dos carros flex. Os executivos assistiram a uma apresentação do Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Jorge Donzelli, que falou sobre os processos agrícola e industrial de produção, e as novas tecnologias adotadas no País.
De acordo com o gerente da divisão de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Banco, Kurt Lonsway, a África está começando a olhar para os biocombustíveis e poderá ser objeto de apoio desde que garantidos os mecanismos de sustentabilidade econômica, social e ambiental no seu processo produtivo. “O próximo passo será misturar o etanol à gasolina e adotar os carros flex, nos quais poderemos usar 100% deste biocombustível,” disse.
De acordo com os executivos, a ideia inicial é exportar para Europa ou Ásia. Isto porque o mercado na África ainda é restrito, mesmo considerando um pequeno nível de mistura na gasolina. “A demanda não é grande o suficiente para justificar um grande investimento, mas pode ser baseado na exportação para a Europa”, explica Manley.
O continente africano é formado por 53 países. Alguns já estabeleceram taxas de mistura de etanol à gasolina, mas no conjunto, esses países ainda correspondem a um pequeno mercado. Países como Sudão, Zâmbia e África do Sul estão no início do desenvolvimento do setor.
Em tese, o projeto poderia acontecer em qualquer país do continente, segundo Manley. No entanto, alguns deles têm condições mais adequadas, como terras disponíveis e tipo de solo para atender às demandas do setor. Exemplos seriam os países do sudeste ou oeste da África, como Moçambique, Tanzânia e Zâmbia.