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AEB revê previsões e espera superávit de US$ 38 bi em 2006

A expectativa para as exportações subiu para US$ 127,12 bi, puxada por petróleo e minério de ferro. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou ontem a revisão de suas estimativas para o desempenho das importações e exportações este ano. Segundo projeções divulgadas no final do ano passado as vendas externas cresceriam 2,8%, índice menor do que o previsto para as importações (9%). As novas previsões são de aumento de 7,4% para as exportações e 21,1% para as importações. Com isso, a AEB espera que o superávit deste ano atinja US$ 38,05 bilhões, 15% menos que os US$ 44,76 bilhões obtidos em 2005 e inferior à meta do governo, de US$ 40 bilhões. A estimativa anterior para o saldo era de US$ 41,78 bilhões.

Para que a meta de exportações do governo – US$ 132 bilhões – seja cumprida, seria necessário que a média diária de vendas externas até o final do ano seja de US$ 541 milhões, segundo avaliação do vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. Já para a previsão da AEB ser efetivada, a média diária de exportações deveria ser de US$ 498 milhões. A expectativa para as vendas externas em 2006 foram ampliadas de US$ 122,1 bilhões para US$ 127,125 bilhões – puxadas sobretudo por petróleo e minério de ferro – frente aos US$ 118,308 bilhões exportados no ano passado.

A AEB também reviu para cima a previsão de crescimento das vendas dos básicos, de 8% para 8,8%, e de 3,9% para 9,5% a estimativa de alta para os semimanufaturados. Os dois grupos eram apontados pela AEB, ao final do ano passado, como garantias para o crescimento das exportações em 2006. Já para os manufaturados, a expectativa era de uma queda de 0,4%. A nova estimativa para esse último grupo é de uma alta de 5,7%.

“As exportações de manufaturados permanecem com rentabilidade afetada pelo câmbio”, disse Castro. “Seu crescimento deve-se a contratos de longo prazo firmados por empresas de grande porte com fôlego financeiro para exportar com rentabilidade negativa, seja para honrar contratos, seja para manter mercados conquistados”, acrescentou. Ele destaca que manufaturados inclui dois itens com previsão de expansão importante, mas que, na verdade, são commodities: óleos e combustíveis (60%) e açúcar refinado (33%).

Bens de capital: recorde

Para as importações, a nova expectativa é que seja atingida a cifra de US$ 89,07 bilhões em 2006, frente aos US$ 80,32 bilhões previstos anteriormente pela AEB e aos US$ 73,551 importados em 2005. A aceleração das importações deverá ser puxada por bens de capital – cuja projeção de crescimento foi ampliada de 15,6% para 22,3% – e bens de consumo – cuja previsão subiu de 14,1% para 37,2%. “Após nove longos anos, o montante estimado de US$ 18,816 bilhões na importação de bens de capital deverá superar o recorde de US$ 16,676 bilhões obtido em 1997”, diz Castro.

A nova estimativa da AEB é de que os duráveis apresentem alta de 53,9% (ante os 13% projetados anteriormente) e os não-duráveis aumentem 22,7% (frente a previsão anterior de 15,1%) o valor importado em 2006, quando a compra de matérias-primas e bens intermediários também deve crescer. A estimativa para esse item foi ampliada de 10,5% para 14%. Já para a compra de combustíveis, cuja previsão era de um recuo de 8,1%, agora tem crescimento estimado em 30,5%.

“A entrada maior de bens de capital não indica ampliação dos investimentos, apenas modernização da indústria, que está aproveitando o câmbio favorável”, diz Castro. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, reforça a observação lembrando que as importações estão sendo puxadas por itens de menor valor, enquanto a compra de máquinas mais caras tem recuado aos longo do ano. O aumento da importação de não-duráveis é considerado por ele reflexo do aumento do poder aquisitivo, que permitirá ampliar as compras de alimentos e, principalmente, produtos farmacêuticos.

Já o boom de importação de duráveis é puxado por automóveis (com crescimento previsto de 90% em 2006). “Além da importação de automóveis, que é provocada não só pelo câmbio mas também pela necessidade de cumprimento do acordo automotivo com a Argentina, crescem significativamente este ano as máquinas e aparelhos de uso doméstico (que deve crescer 89%) e adornos pessoais (com alta prevista de 20%).”

Segundo a AEB, confirmando os reflexos negativos decorrentes da valorização do real, uma vez mais em 2006 a quantidade de empresas exportadoras deverá ser menor que em 2005. Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento mostram que, até maio, 1.015 empresas deixaram de exportar. “A situação deve se agravar até o fim do ano. Se 2006 terminar com um número próximo de 1.400 empresas deixando de exportar, retornaremos ao patamar observado em 1994, de 16.028 exportadores “, prevê Castro.