Compromisso com qualidade, competitividade econômica e realização de testes antes da disponibilização são fundamentais para a consolidação do produto Encontrar soluções que garantam a qualidade do biodiesel, a sua viabilização econômica e a realização de testes oficiais são o novo desafio para o sucesso desse combustível no País. A AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, disposta a contribuir com o Programa Brasileiro de Biodiesel, assegura que o uso do novo combustível garantirá resultados favoráveis à matriz energética, ao meio ambiente e ao aprimoramento tecnológico. Dessa forma, a Associação busca alternativas para ajudar a vencer os problemas que entravam o sucesso efetivo do programa.
Sendo assim, a AEA, por meio de sua comissão técnica, está definindo diretrizes e propondo soluções que viabilizem o uso do biodiesel. A primeira questão refere-se à garantia da qualidade. “Caso o produto seja disponibilizado com problemas de qualidade, o risco de perdermos investidores será grande. Por isso é preciso incentivar os produtores a entenderem a importância do produto que vão gerar e aplicar uma logística coerente para produção, distribuição e consumo do produto”, afirma Antonio Bonomi, diretor da AEA.
Ao demonstrar crédito e competência, o programa atrairá investidores naturalmente. Assim, é preciso entender também a questão da competitividade econômica, ou seja, estabelecer métodos para produzir incentivos para alcançar uma escala de produção adequada à demanda. Do mesmo modo, aprofundar discussões sobre a carga tributária relativa ao biodiesel, viabilizando sua produção em troca de um retorno justo para os investidores, também será uma estratégia essencial.
Outro fator de fundamental importância para o êxito do programa é a realização de testes. “O Governo deve coordenar a validação técnica deste novo combustível garantindo que os testes de desempenho, emissões e durabilidade sejam realizados com teores de biodiesel maiores que 2%”, explica Bonomi.
A concretização do programa de biodiesel no Brasil será um grande passo para a indústria automobilística e para o país por razões econômicas, ambientais e sociais. Deste modo, a coordenação do programa é essencial para a consumação dos objetivos finais do processo. “O Governo deve assumir um papel de coordenação forte, integrado com programas estaduais, para garantir que haja incentivo para a produção e uma fiscalização na distribuição e na mistura, estabelecer medidas que garantirão o suprimento, completar a validação técnica do biodiesel e envolver os órgãos ambientais para avaliar as emissões deste novo combustível”, comenta o diretor da AEA.
Essas e outras questões foram tratadas durante o seminário “Biodiesel: Expandindo o uso”, evento onde a comunidade técnica discutiu em profundidade a produção, o uso do biodiesel, a adequação de suas especificações, a logística de comercialização e a realização e acompanhamento dos testes em motores e veículos.
A AEA, ao manifestar suas preocupações, reforça o interesse de contribuir com o Governo e todos os envolvidos nas discussões, permanecendo à disposição para apoiar a busca de soluções aos problemas técnicos, ambientais e outras questões com relação ao Programa Brasileiro do Biodiesel.
O que é Biodiesel?
Desenvolvido para substituir total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo, o biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis e representa, não só oportunidade de desenvolvimento econômico para o país, mas também social, tecnológico e ambiental.
Combustível limpo, o biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais – novos ou usados – ou gorduras animais por meio do processo de transesterificação ou alcoólise.
A implementação de um programa energético com biodiesel abre oportunidades para grandes benefícios sociais decorrentes de geração de emprego, valorização do trabalhador rural e beneficiamento dos óleos vegetais.
Do ponto de vista ambiental, o biodiesel puro reduz 78% das emissões de dióxido de carbono, gás responsável pelo efeito estufa
Já no âmbito econômico sua importância está relacionada principalmente à geração de empregos, tanto na fase de coleta como de processamento das matérias-primas, principalmente nas regiões rurais menos favorecidas.
A AEA, fundada em 1984, é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover discussões técnicas ligadas ao setor automotivo, energético e de transporte em geral. Entre os membros associados estão: montadoras de veículos, fabricantes de motores e autopeças, produtores e distribuidores de combustíveis, representantes da área acadêmica, institutos de pesquisa públicos e privados e órgãos governamentais. Os trabalhos e avaliações realizadas na AEA se desenvolvem por meio de comissões técnicas. A AEA atua junto à sociedade como um todo, consolidando sua condição de entidade tecnicamente isenta e independente.