A subsede regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sincopetro) recebe por mês, em média, 30 denúncias de venda de combustível adulterado em Sorocaba e região. Cerca de 60% das queixas são relacionadas ao álcool e as demais à gasolina. O número de queixas recebidas é considerado elevado pelo sindicato, que quinta-feira ofereceu análise gratuita de combustíveis de veículos a condutores que circulavam pela avenida Antônio Carlos Comitre, no Campolim. Em seis horas, de 48 amostras verificadas, 13 (27%) apresentaram sinal de adulteração.
A presidente da regional do Sincopetro, Ivanilde Vieira, comentou que a situação é preocupante, pois o número de consumidores prejudicados com a venda irregular de combustíveis tende a ser ainda maior porque nem todos os consumidores formalizam denúncia. Segundo ela, quase todas as reclamações são relativas a postos de combustíveis de Sorocaba, onde há 110 desses estabelecimentos.
Como o Sincopetro não tem competência legal para promover a fiscalização dos postos, faz o relato ao governo do Estado e à Agência Nacional do Petróleo (ANP) dos problemas evidenciados na região. “A análise gratuita é nesse sentido, de identificar os postos que vendem combustível adulterado e de alertar as autoridades para vistoriá-los em operações futuras”, complementou Ivanilde.
Para fazer ontem as análises de combustível, o Sincopetro contratou uma empresa especializada no serviço. A verificação é feita num aparelho que mede o teor adicionado de álcool, os componentes químicos e o poder de explosão do combustível no motor. “A leitura é do tipo infravermelho e a análise de cada amostra demora três minutos”, explicou o químico Reginaldo dos Santos, 33 anos. A verificação do álcool é mais simples, a partir da medição da temperatura e densidade, cujos dados são cruzados numa tabela de teor de pureza.
Surpresa
Oito adulterações foram constatadas num total de 20 veículos a álcool e mais cinco, de um total de 27 movidos à gasolina. Foi realizado ainda um teste em diesel, sem nenhuma alteração. Uma das análise feitas ontem surpreendeu o químico do Sincopetro, tamanha a quantidade de adulteração, onde o índice de álcool, água e outras substância adicionadas à gasolina chegou a 88%. O normal é que a quantidade de álcool não ultrapasse 26%.
“Nem se pode dizer que é gasolina. Até limpei a célula do analisador, para evitar comprometimento”, frisou. A amostra foi trazida por um comerciante de 51 anos, que preferiu não se identificar, e cuja BMW desde sábado está parada numa oficina.
Mais sorte teve o técnico de cabos Eduardo Manente, 31 anos, satisfeito com o resultado positivo da qualidade da gasolina de seu Palio. “Agora tenho certeza e continuarei a abastecer no mesmo posto”, disse. As denúncia contra postos podem ser feitas via boletim de ocorrência da delegacia, junto à ANP, no Procon, Receita Estadual ou por intermédio do Sincopetro.