A Adecoagro está à frente da transição energética no Brasil, com uma frota de 135 veículos e equipamentos operando inteiramente com biometano. Essa substituição tem contribuído para a redução do uso de 182 mil litros de diesel. A iniciativa foi destaque no SINATUB 2024, apresentada por Luiz Felipe Dornfeld Braga Colturato, diretor técnico de Biogás da Adecoagro, que classificou o projeto como um marco no processo de descarbonização da matriz energética brasileira.
Durante a palestra, Colturato ressaltou a importância do biometano, produzido a partir do biogás, como uma alternativa sustentável e eficiente para o transporte no Brasil. Segundo ele, o biometano é fundamental para diminuir a dependência do diesel, combustível do qual o país ainda importa cerca de 25%. “Essa dependência nos torna vulneráveis economicamente, além de intensificar os impactos ambientais. O biometano surge como uma solução local e sustentável, capaz de reduzir essa exposição e acelerar a transição para uma matriz energética mais limpa”, afirmou Colturato.
Colturato apresentou dados comparando o desempenho de veículos movidos a biometano e a diesel. Em um percurso de 1.500 km, o consumo médio de biometano foi de 2,02 km/m³, enquanto o diesel rendeu 2,20 km/litro. Embora os valores de consumo sejam próximos (743 m³ de biometano versus 682 litros de diesel), o diferencial está na emissão de gases de efeito estufa. Veículos movidos a biometano emitiram 266 kg de CO2 equivalente (kgCO2eq), enquanto os movidos a diesel liberaram 2.123 kgCO2eq, ou seja, o biometano gera oito vezes menos emissões de CO2.
O Brasil tem um potencial de produção de biometano estimado em 120 milhões de metros cúbicos por dia, com o setor sucroenergético representando 48% desse total. Esse dado ressalta a importância do biometano no contexto das energias renováveis, especialmente para a indústria canavieira. A Adecoagro se destaca como uma pioneira ao investir em tecnologias que aproveitam esse recurso.
Entre os principais benefícios do uso de biometano na frota da Adecoagro, destacam-se:
– Redução da dependência de combustíveis fósseis*, com a substituição de 182 mil litros de diesel.
– Diminuição da necessidade de importação de diesel*, que hoje corresponde a 25% do consumo nacional.
– Contribuição para a descarbonização* da matriz energética e redução das emissões de gases poluentes.
– Aproveitamento do potencial do setor sucroenergético*, responsável por quase metade da produção de biometano no Brasil.
A produção de biometano pela Adecoagro é fruto de um projeto iniciado em 2010. O primeiro biodigestor entrou em operação em 2018, em parceria com a empresa Methanum e com apoio da Finep. Em 2021, a Adecoagro se tornou a primeira usina do Brasil a emitir Certificados de Gás Natural Renovável, os chamados GAS-REC.
Em julho de 2023, a empresa anunciou um investimento de R$ 225 milhões para expandir sua planta de biometano em Ivinhema, Mato Grosso do Sul. A expansão, que inclui a construção de dois novos biodigestores até 2027, permitirá que a produção quintuple, atingindo até 30 mil Nm³ de biometano por dia. Isso equivalerá à substituição de aproximadamente 8 milhões de litros de diesel por ano na frota da Adecoagro.
A produção atual, que abastece os 135 veículos e equipamentos da planta em Ivinhema, utiliza apenas 5% da vinhaça gerada pela usina de cana-de-açúcar, mas, com a ampliação, o reaproveitamento poderá atingir 20%.
A expectativa é que, a partir de 2028, a frota movida a biometano evite a emissão de cerca de 38 mil toneladas de CO2 por ano. Além do benefício ambiental, a substituição do diesel por biometano resultará em uma economia financeira significativa, estimada em R$ 50 milhões anuais, considerando os preços atuais do diesel.
Colturato ainda destacou a relevância da biomassa no cenário energético do Brasil. “Hoje, o Brasil tem uma matriz energética composta por 49% de fontes renováveis, enquanto a média global é de 15% e a da OCDE, 13%. A biomassa de cana-de-açúcar representa quase 17% da nossa matriz. Muitos atribuem essa alta renovabilidade às hidrelétricas, mas é o setor sucroenergético o maior responsável por essa posição”, concluiu.