Já está em andamento, aliás, outro processo, também movido pelo Brasil (e Austrália) contra os subsídios ao açúcar concedido pela União Européia.
O embaixador da Argentina na OMC, Alfredo Chiaradia, já antecipou que seu país pode entrar com uma reclamação similar na área de lácteos.
Na edição de ontem, o jornal norte-americano “The New York Times” citava fontes comerciais não especificadas para as quais “muitos produtos dos EUA e da União Européia, incluindo soja, trigo e arroz, assim como carne e lácteos, podem ser alvo de ataques na OMC”.
É óbvio que a decisão, como a Folha já havia mostrado ontem, terá igualmente impacto sobre as negociações da chamada Rodada Doha, lançada em 2001 na capital do Qatar, mas paralisada desde então principalmente por divergências entre países ricos e países em desenvolvimento sobre subsídios agrícolas.
Menos óbvio é o tipo de impacto. É possível que o Congresso norte-americano, em que sempre houve desconfianças sobre o fato de a OMC poder adotar regras que contradizem a legislação norte-americana, fique ainda mais desconfiado e isolacionista.
Pode, no entanto, ocorrer o contrário, se prevalecer a pragmática visão exposta ao “NYT” de ontem por um ex-subsecretário de Agricultura, Dale Hathaway.
“Se formos forçados a retirar esses subsídios de qualquer forma, é melhor fazer os outros adotarem idêntica posição [nas negociações da Rodada Doha]”, disse Hathaway.