Mais duas empresas começam a disputar hoje os recursos dos investidores locais e estrangeiros em ofertas públicas de ações. Começa o prazo de reserva para as operações da Açúcar Guarani, uma estreante no mercado de capitais, e da varejista de vestuário Cia. Hering, já veterana de pregão, e que aderiu recentemente ao Novo Mercado. Juntas, as duas companhias podem levantar R$ 1,13 bilhão, considerando-se a média da faixa indicativa de preços e sem contar eventual venda de lotes extras.
Controlada pela Tereos – uma união de cooperativas francesa que é a quarta maior produtora de açúcar e quinta maior de etanol no mundo -, a Guarani pretende vender 49,315 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto), num intervalo de R$ 13,50 a 17,50, podendo captar cerca de R$ 760 milhões. Uma parcela de 10% a 20% dos papéis será destinada ao público de varejo, para investimentos a partir de R$ 3 mil. Na Bovespa, a companhia vai se juntar à Cosan e à São Martinho e, em breve, ao grupo Nova América, dono do Açúcar União, que também planeja sua incursão no mercado de capitais.
A oferta é toda primária (de papéis novos), o que quer dizer que os recursos líquidos obtidos com a venda das ações (cerca de R$ 730 milhões) vão integralmente para o caixa da companhia. Metade será destinada ao pagamento da aquisição do controle da Andrade e o restante na ampliação da unidade São José e na instalação das unidades Tanabi e Cardoso. Só que quase a totalidade das ações que formam o atual capital social da empresa (85,347 milhões) estão empenhadas em favor do banco francês Calyon, como garantia de títulos de dívida com vencimento em 2014, no valor de ? 500 milhões.
Além disso, a Guarani fez, no fim de maio, uma emissão privada de R$ 141,1 milhões em debêntures conversíveis em ações, em favor da Tereos do Brasil. Considerando-se a conversão integral e o preço médio por ação a R$ 15,50, os acionistas que aderirem à oferta pública toparão uma diluição total de 47,2% no seu investimento.
Já a Cia. Hering vai seguir os passos da Drogasil para se reinventar no mercado de capitais. Com o capital aberto desde 1966, a companhia migrou do Nível 1 para o Novo Mercado em meados de maio e agora faz uma oferta de 28,333 milhões de ações ON, avaliadas entre R$ 11,00 e R$ 15,00. Pela média, pode obter cerca de R$ 370 milhões. De 10% a 20% dos papéis vão para o varejo, para reservas entre R$ 1 mil e R$ 300 mil. Só neste ano, os papéis da companhia quase triplicaram de preço, saindo da casa dos R$ 5,00 em janeiro para encostar nos R$ 13,00 com que eram negociados no pregão ontem.
Nem tudo que a companhia vai vender na oferta vai representar ingresso líquido de recursos, já que 26,5% da operação é formada por papéis pertencentes à Socinvest Finance, que vai reduzir a sua participação direta no negócio de 28,6% para 3,6%.