A antecipação da safra no setor de açúcar e álcool contribuiu de forma significativa para o crescimento, em fevereiro, de 1,07% no nível de emprego da indústria paulista de transformação, na série sem ajuste sazonal.
Trata-se do melhor desempenho nesta base de comparação desde abril de 2008, quando o indicador subiu 1,25%. Os números foram divulgados hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O segmento de açúcar e álcool respondeu sozinho por 31% dos 23 mil postos de trabalho gerados no mês passado. Com ajuste sazonal, houve alta no emprego industrial paulista de 0,81%.
“Com o objetivo de regular o mercado, como já estávamos prevendo, ocorreu uma antecipação das operações das usinas, que promoveram um aumento na criação de vagas”, enfatizou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depencon) da Fiesp.
Segundo ele, o nível de emprego na indústria deve ter uma expansão expressiva em março e abril, quando se acentua o ciclo da safra no setor de açúcar e álcool.
No acumulado do primeiro bimestre, o indicador saltou 1,58%, com a abertura de 34 mil vagas, o que representa a melhor variação para o período desde 2007. Já no confronto com o segundo mês de 2009, ocorreu uma ligeira alta de 0,05%.
“O emprego está se recuperando numa velocidade muito boa, com trajetórias bem próximas aos anos de 2008 e 2007, que foram muito positivos para a indústria de transformação”, avaliou Francini.
O diretor da Fiesp, no entanto, observou que o setor ainda acumula um déficit de 180 mil vagas em relação aos níveis anteriores a setembro de 2008, quando se intensificou a crise financeira mundial.
“Ou seja, ainda temos um caminho para recuperar. De qualquer maneira, espero um crescimento no emprego industrial neste ano de 6,2%, com um saldo positivo de 130 mil vagas”, assinalou. De todos os setores pesquisados no mês passado, 17 realizaram contratações, dois permaneceram estáveis, enquanto três fizeram mais demissões.
Entre os que mais contrataram, destaque para Couros e fabricação de artigos de couro, artigos de viagem e calçados (3,5%), seguido por Produtos Alimentícios (3,1%) e Fabricação de Coque, Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis (1,7%).
Em contrapartida, houve enxugamento de pessoal em Bebidas (-0,7%) e em Outros Equipamentos de Transporte, exceto veículos automotores (-0,5%).
Para Francini, são pequenas variações negativas, sobretudo se comparadas às taxas positivas. “Um dia o verão termina e o consumo de certos tipos de bebida tem queda”, finalizou. (Fernando Taquari)