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Açúcar e álcool: Guarani leva 50% da Vertente por R$ 105 milhões

A Açúcar Guarani, uma das maiores produtoras de açúcar e álcool do Brasil e pertencente ao grupo francês Tereos, informou ontem que adquiriu 50% de participação da Usina Vertente, de Guaraci (SP), do Grupo Humus. O valor líquido da operação foi de R$ 105 milhões, resultado do desconto de dívidas, estoques e capital de giro da Vertente. Com a parceria, o processamento da Guarani, estimado inicialmente para o ciclo 2010/11 em 15,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, será ampliado para 16 milhões de toneladas, considerando metade dos 1,7 milhão de toneladas de capacidade da usina recém-adquirida.

A gestão será compartilhada, conforme esclarece Jacyr Costa, diretor-presidente da Açúcar Guarani. As duas empresas têm planos de expandir a atual capacidade de moagem da Vertente para 2,2 milhões de toneladas, detalhes ! que serão definidos em um plano de investimento conjunto. “Este projeto pode ser estendido. Vai depender da disponibilidade dos dois lados”, diz Jacyr.

Compartilhar o controle foi a condição essencial para que o Grupo Humus fizesse a parceria com a Guarani, segundo explica Hugo Cagno, diretor-executivo do grupo, tradicional fornecedor de cana-de-açúcar de São Paulo. A empresa vinha travando uma disputa com a Bunge para ficar com a unidade, que tinha na composição acionária 50% de participação do grupo Moema, adquirido em dezembro passado pela multinacional.

Cagno conta que desde então vinha buscando um parceiro para a Vertente, uma vez que a Bunge tinha anunciado que não queria compartilhar controle; só aceitava 100% dos ativos. No entanto, o grupo Humus não queria se desligar do negócio de produção de açúcar e álcool, justamente no momento em que os fundamentos de mercado estão mais fortes. “Com a Guarani vamos conseguir sinergias e gestão compartilhada do negócio! “, explicou Cagno.

A usina Vertente está localizada na mesma região das cinco unidades industriais da Guarani, sendo distante 40 quilômetros da unidade Cruz Alta. “Vamos conseguir maximizar produtividade industrial e agrícola e ampliar eficiência das unidades”, afirma Costa. A previsão é de que a usina Vertente produza 117 mil toneladas de açúcar e 72 milhões de litros de etanol na temporada 2009/10.

Nos nove meses da safra 2009/10, iniciado em abril do ano passado, a Açúcar Guarani obteve resultado líquido positivo de R$ 15,7 milhões, sendo lucro de R$ 80,3 milhões no Brasil e prejuízo de R$ 64,6 milhões na unidade de Moçambique, que foi penalizada por queda na produção e pela oscilação cambial. Além da seca no continente africano, que resultou em 200 mil toneladas a menos de cana processada pela unidade da companhia, a empresa também foi afetada no Brasil, mas por um excesso de chuvas, que retraiu a moagem em 100 mil toneladas.

No entanto, os elevados pre! ços do açúcar trouxeram bons resultados à companhia e contribuíram para que a empresa reduzisse sua dívida líquida no acumulado da safra para R$ 1,101 bilhão em dezembro passado, 12% de queda em relação ao mesmo mês 2008, quando o endividamento líquido era de R$ 1,263 bilhões.