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Açúcar deve superar recorde de 25 anos

Os contratos futuros de açúcar não-refinado (demerara) deverão subir em Nova York para níveis superiores ao seu recorde de 25 anos, num momento em que a disparada dos preços do petróleo estimula a demanda brasileira por etanol, combustível alternativo produzido a partir da cana-de-açúcar, disseram o Barclays Plc e o ABN Amro Holding NV.

As cotações do açúcar no mercado futuro poderão alcançar até 21 centavos de dólar por libra-peso até abril.

O preço do açúcar não-refinado mais do que duplicou no último período de 12 meses, num momento em que o Brasil, o maior produtor e exportador mundial de açúcar, está destinando um maior volume de cana para a fabricação do etanol. A alta dos preços do petróleo intensificou a demanda por etanol, que pode ser misturado à gasolina e reduzir, assim, o custo do combustível automotivo.

“A proporção entre o volume de cana-de-açúcar destinado à produção de açúcar e o destinado à conversão em etanol está se alterando em favor do etanol”, disse Sudakshina Unnikrishnan, analista do Barclays Capital em Londres. “As pessoas acreditaram realmente na correlação dos preços entre o açúcar, o etanol e o petróleo. Esta não é uma alta de curto prazo”.

O Brasil está canalizando 52% de sua safra de cana para a produção do etanol, a partir dos 48% destinados a esse fim em 2003, segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA), com sede em Londres.

O açúcar não-refinado “ainda tem espaço para subir mais”, disse Jean-Michel Boehm, diretor do setor de commodities agrícolas do ABN Amro de Londres. Ele concordou com a projeção de preços do Barclays. “Dentro dos próximos dois meses, o produto tem potencial para quebrar a barreira dos 21 centavos”, afirmou.

A demanda por etanol poderá puxar os preços do açúcar para até 40 centavos de dólar por libra-peso até 2010, disse Roland Jansen, fundador do braço de administração de ativos do banco estatal Liechtensteinische Landesbank, de Liechtenstein, em 9 de dezembro do ano passado. O etanol brasileiro custa cerca de US$ 25 o barril, comparativamente ao preço de US$ 50 o barril cobrado pelo etanol americano, fabricado a partir do milho.