Mercado

Açúcar acumula alta de 91% em um ano na Bolsa de Nova York

O nervosismo ditou as regras do mercado mais uma vez, no pregão de ontem, na Bolsa de Nova York. O contrato 11, com vencimento em maio, teve valorização de 3,03%, para 18,34 centavos de dólar por libra-peso. No ano, os papéis acumulam alta de 24,33% e, em 12 meses, de 91,44%. “O mercado começa a ficar irracional”, avalia o analista da Hencorp Commcor, Marcos Mine.

Inicialmente, a valorização dos preços da commodity foi pressionada pelos fatores fundamentais do mercado – déficit mundial de açúcar, safra brasileira inferior às expectativas, aumento da demanda dos países do Oriente e crescimento do consumo de álcool. “Depois o mercado ficou mais técnico, buscando romper barreiras de preços”, diz Mine.

Atualmente, origens e fundos que possuem posições vendidas e encontram dificuldades para manter as margens recompram posições “para não sofrer mais ainda”, enquanto cai o número de contratos vendidos, de acordo com o analista. Os desembolsos do Brasil e outras origens para ajustes de margens, este mês, somam US$ 2,155 bilhões, segundo o vice-presidente de mesa de operações para a América Latina da Fimat Futures, Michael McDougall. “Desde que os preços ultrapassaram 14 centavos de dólar por libra-peso, o ritmo de fixações está um pouco mais lento”, conta Mine. Estimativas do mercado apontam que os preços poderão se posicionar de 20 centavos de dólar por libra-peso a 30 centavos de dólar por libra-peso.

Segundo McDougall, a alta de ontem foi influenciada também pelo aumento da demanda no mercado físico. “Há rumores de que a China comprou 50 mil toneladas no mercado físico, esta semana, e o Irã, 40 mil toneladas e que o Iraque estaria interessado em adquirir de 100 mil toneladas a 200 mil toneladas”, diz McDougall.

A volatilidade do açúcar está atraindo um número cada vez maior de especuladores mais acostumados a atuar nos mercados de petróleo ou ações.

Na segunda-feira, por exemplo, foram negociados 230 mil contratos de açúcar, o maior volume já registrado para a commodity em toda a história da Bolsa de Nova York.

De acordo com um trader de São Paulo, os preços devem continuar em alta, pelo menos no curtíssimo prazo. “O movimento para cima é forte e não dá sinais de enfraquecimento”, diz.

Bom para o Brasil

Apesar das recentes despesas com ajustes que os produtores brasileiros vem se deparando, o cenário de alta da commodity no mercado internacional é considerado “extremamente positivo” pelo diretor da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop), Fernando Perri. “A perspectiva é muito boa de geração de uma capacidade de investimento ainda maior”, diz. O representante da Udop ressalta que o crescimento da demanda pelo produto demonstra que o Brasil precisa estar bem abastecido tanto em açúcar quanto em álcool, para que haja mais equilíbrio na oferta.